Comércio entre a Índia e o interior da África do Sul existia muito antes de Vasco da Gama

Comércio Índia África do Sul: Descoberta arqueológica revela trocas comerciais ancestrais, séculos antes de Vasco da Gama. Saiba mais!
03/02/2025 às 07:02 | Atualizado há 5 meses
Comércio Índia África do Sul
Comércio Índia África do Sul

Um estudo recente revela que o Comércio Índia África do Sul existia antes da chegada de Vasco da Gama. Cerâmicas encontradas no rio Letaba, na África do Sul, comprovam transações comerciais com o Golfo Pérsico séculos antes da exploração europeia. A descoberta muda a compreensão sobre as relações internacionais da época.

Pesquisadores descobriram fragmentos de cerâmica esmaltada perto do rio Letaba, na África do Sul, a cerca de 400 km da costa do Índico. Análises indicam que essas cerâmicas foram produzidas no Golfo Pérsico, provavelmente perto de Basra, no atual Iraque, entre os séculos IX e X. Essa descoberta sugere um comércio marítimo entre a Índia e o interior da África do Sul muito antes da chegada dos europeus no final do século XV.

O local da descoberta, conhecido como Le6, era um grande assentamento no primeiro milênio d.C. Datações por carbono-14 indicam que o assentamento existiu entre 887 e 966 d.C. Esse período coincide com a Era Viking na Europa. A presença de cerâmica iraquiana indica que o Comércio Índia África do Sul já era ativo e alcançava regiões distantes da costa.

O comércio marítimo na Idade Média desempenhou um papel importante no desenvolvimento da África Oriental. Navios do Oriente Médio, Índia, China e Sudeste Asiático aproveitavam os ventos para navegar até a África. Eles traziam produtos manufaturados, como cerâmica e contas de vidro, e trocavam por marfim, ouro e, infelizmente, escravos. Esse intercâmbio fortaleceu as cidades costeiras africanas e contribuiu para a disseminação do Islã na região.

O Comércio Índia África do Sul também impulsionou o crescimento de reinos no interior do continente. Os governantes desses reinos controlavam o comércio de ouro e marfim. Esse controle econômico levou à construção de grandes centros urbanos, como o Grande Zimbábue, no atual Zimbábue, por volta de 1200 d.C.

A descoberta em Letaba é significativa porque mostra um comércio transoceânico anterior ao desenvolvimento desses reinos. A cerâmica iraquiana encontrada em Le6 evidencia um comércio mais amplo e complexo do que se imaginava. Em outros sítios arqueológicos da região, geralmente são encontradas apenas contas de vidro, que são mais fáceis de transportar do que a cerâmica.

Os pesquisadores acreditam que o comércio com a costa leste da África acontecia através do rio Limpopo, em Moçambique. De lá, os produtos seguiam pelo rio Letaba, um afluente do Limpopo, até o interior da África do Sul. A localização de Le6 sugere que o rio Limpopo era uma importante rota comercial entre a Índia e o interior da África. Sítios como Le6 são cruciais para entender o desenvolvimento dos reinos africanos. Eles fornecem evidências das primeiras etapas do comércio e da complexidade social e política na região. A descoberta da cerâmica iraquiana em Letaba abre novas perspectivas para a pesquisa sobre o Comércio Índia África do Sul antes da chegada dos europeus.

Via Folha de S.Paulo

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