Conferência de Bonn: Primeira Semana com Desafios e Divergências

A primeira semana da Conferência de Bonn evidencia frustrações e divergências nas discussões sobre o futuro climático.
20/06/2025 às 18:49 | Atualizado há 2 semanas
Financiamento climático COP30
Conferência de Bonn: frustrações marcam as discussões sobre o futuro climático. (Imagem/Reprodução: Exame)

A Conferência de Bonn, que ocorre entre 16 e 26 de junho, reúne cerca de 5 mil representantes de 197 países, incluindo autoridades governamentais e membros da sociedade civil. O evento é crucial para as discussões sobre como o clima deve ser integrado à economia e aos recursos financeiros, conforme salientou o embaixador e presidente da COP30, André Corrêa do Lago. Ele também expressou frustração diante das divergências que permeiam as negociações.

Os primeiros dias do evento têm sido marcados por tensões e falta de consenso. A expectativa era que a conferência propiciasse um alinhamento técnico eficaz, mas as oportunidades para avanços têm sido perdidas, refletindo na crescente exaustão e frustração dos participantes. Além disso, manifestações pró-clima estão se tornando uma constante dentro e fora da sede da ONU, com ativistas clamando por justiça social em várias frentes.

O debate sobre financiamento climático COP30 continua a ser uma das principais barreiras. As divergências sobre como estruturar os mecanismos de apoio financeiro são evidentes, e a falta de clareza na origem dos fundos reitera a complexidade da negociação. O tema já havia sido destacado na COP29, realizada em Baku, onde um acordo de 300 bilhões de dólares anuais para financiamento climático não atendeu às expectativas.

As nações mais vulneráveis ao impacto das mudanças climáticas, que pouco contribuíram para a crises, têm reclamado da desigualdade nos recursos. A pressão por programas de adaptação caminha juntamente com a necessidade de liberação de recursos financeiros, Uma preocupação expressa por Mahryan Sampaio, presidente do Funbea, que observou que os discursos motivadores contrastam com a realidade das negociações, que permanecem paralisadas.

As discussões em Bonn também iniciaram com mais de 30 horas de atraso, frustrando os delegados que esperavam um ritmo mais dinâmico. Durante três horas, os delegados abordaram a adaptação climática, sem conseguir fazer avanços significativos para transformá-la numa prioridade de ação. O Objetivo Global de Adaptação, parte do Acordo de Paris, é um item com potencial para progredir, mas ainda carece de consenso em relação a metas e indicadores.

Enquanto isso, o Brasil busca consolidar sua estratégia para a COP30. Uma proposta apresentada pela delegação brasileira, intitulada “roteiro Baku to Belém”, tem como meta garantir que as decisões sobre financiamento climático resultem na sua implementação efetiva, com um foco audacioso de chegar a 1,3 trilhão de dólares por ano. O governo brasileiro lançou uma carta oficial que enumera uma agenda de ação com seis eixos temáticos e 30 objetivos específicos em áreas que vão de energia a questões sociais.

Além do tema do financiamento, a inclusão de assuntos como inteligência artificial e bioeconomia também faz parte da estratégia. Segundo o governo do Brasil, essa carta deve criar um “celeiro de soluções” que conecte as ambições climáticas com potencial para atrair recursos e inovação, promovendo um monitoramento coerente.

As notícias sobre o fortalecimento do sistema multilateral no contexto climático são bem-vindas, mas ainda há muito a ser realizado. As metas ambiciosas estabelecidas exigem que atores de todos os setores trabalhem juntos para alcançar resultados tangíveis. A trajetória será desafiadora e a próxima conferência será um termômetro para medir os avanços nas negociações climáticas em nível global.

Via Exame

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.