Um estudo do Boston Consulting Group (BCG) aponta a Amazônia, com foco no Pará, como crucial para um desenvolvimento que une retorno financeiro, restauração ambiental, inclusão social e menor risco climático. A pesquisa, em colaboração com diversas entidades, revela o potencial de modelos produtivos sustentáveis, estimando R$ 116 bilhões em investimentos até 2040, com rentabilidade média de 19% ao ano.
O relatório, intitulado “Resiliência para o Futuro: Caminhos Viáveis para Paisagens regenerativas na Amazônia“, defende que a agricultura regenerativa e a bioeconomia podem fortalecer a segurança climática, aumentar a produção e tornar a economia local mais forte. No entanto, o Pará já perdeu 24 milhões de hectares para o desmatamento, com a conversão de terras crescendo 69% nos últimos cinco anos, o que representa um grande obstáculo.
A pesquisa indica que 95% dos produtores estão preocupados com pragas, 94% com secas e 92% com a falta de mão de obra. O acesso ao crédito também é um problema: 58% dos pecuaristas e 39% dos agricultores apontam o custo como a principal dificuldade.
Arthur Ramos, sócio do BCG, destaca quatro barreiras que dificultam o crescimento do modelo: falta de assistência técnica qualificada, ceticismo sobre a viabilidade econômica da transição, dificuldades no acesso a crédito devido aos altos custos iniciais, falta de padronização nos sistemas de verificação e insegurança sobre a posse da terra. Ramos afirma que grande parte das áreas com potencial de regeneração não tem a documentação necessária, o que impossibilita investimentos e impede o acesso a mercados _premium_.
O estudo estima que 8,8 milhões de hectares no Pará têm viabilidade técnica e econômica para a transição regenerativa. Desse total, 6,8 milhões de hectares são pastagens que podem ser reformadas ou manejadas com maior produtividade, oferecendo um retorno estimado entre 12% e 16% ao ano, com _payback_ entre 8 e 11 anos. Além disso, 600 mil hectares têm potencial para sistemas agroflorestais de cacau, com rentabilidade entre 15% e 22%, recuperável em um ciclo de 7 a 9 anos.
Uma pesquisa com 156 agricultores locais mostrou um alto grau de otimismo: 90% confiam no futuro das operações até 2030 e 65% acreditam que a produção em 2025 será maior do que em 2024. Marcelo Behar, enviado especial para Bioeconomia da COP30, afirma que a região tem condições para se tornar um _hub_ de bioeconomia. Ele exemplifica que sistemas agroflorestais de cacau podem gerar até R$ 33,4 mil por hectare em valor líquido, e que a união entre conservação e geração de renda pode beneficiar mais de 80 mil pequenos produtores e comunidades locais.
Juliana Lopes, diretora de Natureza e Sociedade do CEBDS, reforça que o Pará pode se tornar uma referência internacional em Paisagens regenerativas na Amazônia. Ela diz que a transição pode estruturar um modelo que pode crescer para toda a Amazônia, combinando a sociobiodiversidade e a inclusão produtiva.
Para que a transição para Paisagens regenerativas na Amazônia se concretize, é preciso superar desafios como a falta de assistência técnica, o acesso ao crédito e a regularização fundiária. Com isso, será possível atrair os investimentos necessários e garantir um futuro mais próspero e sustentável para a região.
Via Forbes Brasil