Crédito no Brasil cresce em junho, mas inadimplência atinge recorde

Em junho, o crédito no Brasil teve avanço, mas a inadimplência alcançou o maior nível desde 2018.
28/07/2025 às 12:43 | Atualizado há 5 dias
Estoque de crédito no Brasil
Spread bancário se mantém estável em 31,6 pontos percentuais nos recursos livres. (Imagem/Reprodução: Infomoney)

Em junho, o mercado de crédito no Brasil apresentou um cenário misto. As concessões de empréstimos tiveram uma leve retração, enquanto o estoque de crédito no Brasil, que representa o volume total de crédito disponível na economia, registrou um aumento moderado. Paralelamente, a taxa de inadimplência no segmento de recursos livres atingiu o patamar mais alto desde 2018, refletindo desafios para os consumidores e empresas no cumprimento de suas obrigações financeiras.

O Banco Central (BC) divulgou que as concessões de empréstimos recuaram 1,5% em junho em comparação com o mês anterior. Apesar dessa queda, o estoque total de crédito avançou 0,5%, alcançando R$ 6,686 trilhões. Esse avanço indica que, embora o ritmo de novos empréstimos tenha diminuído, o volume de crédito existente na economia ainda se mantém em um patamar elevado.

Analisando o desempenho em um período maior, o crescimento do estoque de crédito no Brasil nos últimos 12 meses desacelerou, passando de 11,8% em maio para 10,7% em junho. Essa desaceleração pode ser um indicativo de que o mercado de crédito está se ajustando, possivelmente em resposta às condições econômicas e às políticas monetárias.

Um ponto de atenção nos dados divulgados pelo BC é o aumento da inadimplência. No segmento de recursos livres, a taxa de inadimplência atingiu 5,0% em junho, um aumento em relação aos 4,9% do mês anterior. Esse é o nível mais alto desde fevereiro de 2018, o que sinaliza dificuldades para os tomadores de crédito em honrar seus compromissos financeiros.

O spread bancário, que representa a diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa final cobrada dos clientes, permaneceu estável em 31,6 pontos percentuais para os recursos livres. Essa estabilidade sugere que, apesar das mudanças no cenário de crédito, as instituições financeiras não alteraram significativamente suas margens de lucro nesse segmento.

As concessões de financiamentos com recursos livres, que são negociadas livremente entre bancos e tomadores, apresentaram uma queda de 1,4% em junho em relação ao mês anterior. Já as operações com recursos direcionados, que seguem parâmetros estabelecidos pelo governo, tiveram uma retração ainda maior, de 2,3% no mesmo período.

As taxas de juros cobradas pelas instituições financeiras no crédito livre se mantiveram estáveis em 45,4%. Nos recursos direcionados, houve uma leve queda de 0,2 ponto percentual, atingindo 11,8%. Essas taxas refletem o custo do crédito para os tomadores e influenciam diretamente suas decisões de investimento e consumo.

É importante ressaltar que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reunirá nesta semana para definir a política monetária do país. Na reunião anterior, o Copom elevou a taxa Selic para 15% ao ano, sinalizando uma possível pausa no ciclo de aperto monetário em julho. As decisões do Copom têm impacto direto no mercado de crédito e nas condições financeiras da economia.

Via InfoMoney

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.