O Banco de Compensações Internacionais (BIS) divulgou seu relatório anual, onde aponta o **crescimento do Brasil na América Latina** como um destaque positivo em meio à moderação econômica geral da região. Contudo, o BIS também alerta para o aumento da inflação no país, o que pode demandar uma resposta da autoridade monetária através da elevação das taxas de juros.
O relatório do BIS ressalta que a atividade econômica na América Latina tem sido geralmente moderada, com exceção do Brasil. A forte demanda doméstica brasileira, impulsionada por um mercado de trabalho aquecido e programas de transferência fiscal, tem sustentado o crescimento do país. No primeiro trimestre deste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro registrou um aumento de 1,4% em comparação com o mesmo período de 2024.
Apesar do cenário global de redução da inflação, o BIS chama a atenção para a desaceleração desse processo em algumas economias latino-americanas, incluindo o Brasil. Fatores internos, como a forte demanda privada, ajustes em preços regulados e a desvalorização da moeda, contribuem para essa tendência.
O BIS observa que o Banco Central do Brasil já elevou as taxas de juros em resposta aos sinais de desancoragem das expectativas de inflação. Recentemente, o Comitê de Política Monetária (Copom) aprovou um novo aumento de 0,25 ponto percentual, elevando a taxa básica de juros de 14,75% para 15% ao ano. As projeções do mercado, de acordo com o boletim Focus do BC, indicam que esse patamar deve ser mantido até dezembro, com o primeiro corte na Selic previsto para janeiro de 2026.
As famílias brasileiras, assim como em outros países, demonstram preocupação com o risco de aumento dos preços no curto prazo. Uma pesquisa do BIS em 29 economias avançadas e emergentes revela que a expectativa média de inflação para os próximos 12 meses é de cerca de 8%, um valor consideravelmente superior à inflação média atual de 2,4%.
O BIS também aborda outros temas de relevância para a economia global, como a política comercial dos Estados Unidos, a situação fiscal dos países e os acontecimentos no Oriente Médio. As tarifas impostas pelos EUA elevam a incerteza no cenário econômico mundial, enquanto a crescente dívida pública em relação ao PIB exige ajustes fiscais urgentes. Os conflitos no Oriente Médio, por sua vez, podem gerar choques econômicos, especialmente no mercado de petróleo.
Em relação à independência dos bancos centrais, o BIS defende a importância de proteger essas instituições contra pressões políticas. O mercado de swap cambial atingiu a marca de US$ 111 trilhões no ano passado, com destaque para o crescimento dos contratos entre instituições não bancárias. O BIS também minimiza as preocupações com a desvalorização do dólar e alerta para a crescente interconexão dos mercados financeiros globais.
Via InfoMoney