Crescimento dos Search Funds: Kanoa Capital capta R$ 150 milhões

Saiba como a Kanoa Capital está se destacando no mercado de Search Funds no Brasil com R$ 150 milhões para investimento.
02/09/2025 às 07:43 | Atualizado há 2 dias
Search funds no Brasil
A inovação se espalhou, criando uma nova classe de ativos em Harvard. (Imagem/Reprodução: Braziljournal)

Os search funds começaram a ganhar destaque no Brasil a partir de um modelo inovador criado por um professor de Harvard. A Kanoa Capital, uma gestora recente, busca se consolidar no setor, com R$ 150 milhões destinados a investimentos. Este capital será utilizado para apoiar cerca de 15 search funds, contribuindo para o ecossistema de negócios no país.

Com um time experiente, a Kanoa já assegurou R$ 80 milhões em um primeiro fechamento. A gestora se propõe a financiar empreendedores na busca por empresas com perfil sólido fora dos grandes centros. Os searchers, que possuem experiência significativa, têm dois anos para encontrar um alvo que atenda a critérios rigorosos e que não se limite apenas a unicórnios.

A aquisição de empresas pode variar de R$ 50 milhões a R$ 100 milhões, utilizando uma combinação de capital próprio e alavancagem. O modelo promove um alinhamento de interesses entre investidores e searchers, podendo oferecer retornos expressivos. O cenário atual mostra que, apesar da maturidade do mercado, as perspectivas são positivas para novos investimentos e aquisições.
A história dos Search funds no Brasil remonta a quatro décadas atrás, quando um professor visionário de Harvard decidiu apostar em um de seus alunos, financiando-o na busca por uma empresa promissora. Esse investimento inicial, liderado por Irv Grousbeck, não apenas impulsionou a carreira do aluno Jim Southern, mas também plantou a semente para o surgimento de uma nova classe de ativos.

Inspirados pelo sucesso da iniciativa original, outros membros da comunidade de Harvard replicaram o modelo, dando origem aos chamados *search funds*. No Brasil, esses fundos estão ganhando destaque, com uma gestora recém-criada buscando se consolidar como a principal financiadora desse mercado em expansão.

A Kanoa Capital está finalizando a captação de seu primeiro fundo, totalizando R$ 150 milhões, com o objetivo de investir em 15 *search funds*. Estima-se que esses fundos gerarão entre sete e dez investimentos, considerando que nem todos os *search funds* encontram o ativo ideal ou obtêm aprovação dos investidores. A Kanoa já garantiu R$ 80 milhões em um *first closing* e está captando os R$ 70 milhões restantes, principalmente com *family offices* brasileiros.

A Kanoa Capital é liderada por três empreendedores de diferentes áreas. Gustavo Vaz, ex-CMO da Easy Taxi e fundador da EmCasa, conheceu os *search funds* durante seu MBA em Harvard em 2016. Antes de fundar a Kanoa, ele também trabalhou na Spectra Investimentos, analisando *search funds* fora do Brasil. Guilherme Bonifácio, cofundador do iFood e da Mercê do Bairro, passou a investir em startups após vender sua participação em 2018. José Dias, por sua vez, construiu sua carreira executiva em grandes empresas multinacionais, como CEO do Burger King para a América Latina e Caribe, e liderando a Kraft Heinz na China e no Canadá.

Com o capital já levantado, a Kanoa investiu em quatro *search funds*, que estão na fase de busca de ativos. Os *search funds* funcionam como veículos para empreendedores encontrarem empresas para gerir. A Kanoa e outros investidores fornecem um capital inicial, entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões, para cobrir os custos dos *searchers* durante a busca, incluindo salários, viagens e escritório.

Os *searchers*, geralmente profissionais com 10 a 15 anos de experiência e MBA no exterior, têm até dois anos para encontrar uma empresa que se encaixe em critérios específicos: médio porte, localizada fora do eixo Rio-São Paulo, com geração de caixa consistente por pelo menos dois anos e margem EBITDA entre 25% e 30%. O foco não é investir em unicórnios, mas em empresas sólidas com potencial de crescimento e venda estratégica.

Uma vez encontrado o alvo, os investidores avaliam a aquisição. Se aprovada, o *searcher* assume o cargo de CEO, com o objetivo de valorizar a empresa para uma futura venda em um prazo de quatro a cinco anos. Gustavo Vaz destaca que o modelo oferece proteção, devido ao alinhamento entre investidores e *searchers*, e à estabilidade operacional das empresas.

As aquisições, geralmente entre R$ 50 milhões e R$ 100 milhões, são financiadas em parte com recursos próprios e em parte com alavancagem, utilizando a geração de caixa da empresa. O *searcher* não se torna sócio no momento da aquisição, mas está alinhado com o *carry*, recebendo uma porcentagem da taxa de performance do investimento, de acordo com o retorno entregue. Esse sistema de remuneração alinha os interesses e incentiva a busca por resultados.

Os primeiros Search funds no Brasil surgiram em 2015. Desde então, foram criados mais de 50 fundos, com 20 ainda em busca de ativos. O mercado brasileiro, apesar de menos maduro, demonstra robustez e apresenta retornos positivos para os investidores. Exemplos de sucesso incluem a aquisição da Agger Seguros pela Dimensa (TOTVS) por R$ 260 milhões e da i4Pro pela Baynan Mercury por R$ 270 milhões, com retornos superiores a 6 vezes o capital investido.

Embora a Kanoa seja o maior fundo dedicado a *search funds* no Brasil, há outros brasileiros investindo nesse setor no exterior. Newton Simões, professor da IE Business School de Madrid e ex-docente da FGV, fundou a Newton Equity Partners, com um fundo de € 30 milhões focado em *search funds* na Europa.

Nos Estados Unidos, o mercado é mais desenvolvido, com cerca de 200 novos *search funds* surgindo anualmente, seguido por Espanha (40), Inglaterra (30) e Brasil/México (20).

Via Brazil Journal

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.