O setor de serviços no Brasil apresentou um crescimento de 0,1% em maio, marcando o quarto mês consecutivo de alta, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse resultado demonstra a resiliência do setor, mesmo diante das expectativas de uma possível desaceleração econômica e da política monetária contracionista. Contudo, o índice ficou ligeiramente abaixo da projeção da Reuters, que previa um aumento de 0,2% para o período.
Quando comparado com o mesmo período do ano anterior, o volume de serviços teve um aumento de 3,6%, representando a 14ª taxa positiva consecutiva. Este número superou a expectativa de avanço de 3,5% apontada pela pesquisa da Reuters. O resultado de maio igualou o ponto mais alto da série histórica, que havia sido alcançado em outubro de 2024, indicando uma estabilidade notável do setor nos últimos meses.
Rodrigo Lobo, analista da pesquisa no IBGE, ressalta que o setor de serviços tem se mantido próximo a esse pico, com a maior distância sendo registrada em janeiro de 2025. Ele também destaca que a dinâmica do setor é peculiar e não está necessariamente atrelada às variáveis de inflação e juros elevados. Alguns serviços, segundo Lobo, operam independentemente das condições macroeconômicas.
Dentro do setor de serviços no Brasil, o destaque em maio ficou por conta dos serviços profissionais, administrativos e complementares, que registraram um aumento de 0,9%. Esse segmento acumulou uma alta de 2,9% nos últimos quatro meses, revertendo a estabilidade observada em abril. Além disso, outros serviços também apresentaram ganhos (1,5%), assim como o setor de informação e comunicação (0,4%).
Por outro lado, nem todos os segmentos do setor de serviços no Brasil tiveram resultados positivos. Os transportes (-0,3%) e os serviços prestados às famílias (-0,6%) registraram quedas no período. Lobo especificou que o principal impacto negativo veio do setor de transportes, com recuos mais expressivos na logística de transportes e no transporte marítimo, tanto de cabotagem quanto de longo curso.
Apesar dos dados de maio terem ficado um pouco abaixo das expectativas, André Valério, economista sênior do Inter, considera que eles evidenciam a robustez do setor de serviços, que continua a crescer em um ritmo elevado. No entanto, ele observa que esse crescimento tem sido impulsionado por componentes de oferta e não por fatores cíclicos.
Valério aponta que a atividade de serviços de tecnologia da informação é a que mais impacta o acumulado em 12 meses, respondendo por mais de um terço do crescimento observado. Em contrapartida, os serviços prestados às famílias têm perdido força, por serem mais sensíveis à variação da renda. O banco Inter projeta que o setor de serviços no Brasil deve continuar desacelerando ao longo do ano, acumulando uma alta de 2,5% em 2025.
Via Forbes Brasil