Enquanto grandes empresas do ramo da tecnologia enfrentavam cortes de pessoal e uma demanda incerta em 2024, a Super Micro Computer experimentou um crescimento notável, subindo 206 posições no ranking Fortune 500. A empresa, ainda pouco conhecida fora do setor de infraestrutura, conseguiu dobrar sua receita, alcançando a marca de US$ 14,99 bilhões e um lucro de US$ 1,15 bilhão em apenas um ano. Esse impressionante crescimento de 110% reflete a alta demanda por servidores que suportam aplicações de inteligência artificial.
A Supermicro, fundada em 1993 por Charles Liang, um engenheiro taiwanês radicado na Califórnia, começou sua trajetória como fabricante de placas-mãe. Até hoje, a companhia se tornou um fornecedor essencial de infraestrutura para data centers, com uma forte ênfase em sistemas compatíveis com chips da Nvidia, além de soluções de resfriamento líquido otimizadas para suportar cargas pesadas geradas pela IA.
Neste ano, a Supermicro obteve a 292ª posição na lista elaborada pela revista, que classifica as 500 maiores empresas dos Estados Unidos. Entre as líderes do ranking, nomes como Walmart, Amazon e UnitedHealth se destacam.
A grande virada da Supermicro se deu por meio de uma estratégia ousada: verticalizar suas operações. Isso significa que toda a cadeia de produção, incluindo projeto, testes e montagem, é realizada internamente. Com essa estratégia, a Supermicro conseguiu lançar servidores na mesma velocidade dos chips da Nvidia, antecipando-se aos concorrentes no mercado.
Até o momento, a companhia já entregou mais de 1,3 milhão de servidores e nós de armazenamento, atendendo data centers em várias partes do mundo. Entre seus clientes, está a xAI de Elon Musk, que recebe infraestrutura para um novo centro de dados com 750 mil metros quadrados em Memphis, nos Estados Unidos. Para o ano fiscal de 2025, a previsão é alcançar entre US$ 26 bilhões e US$ 30 bilhões em receita, com meta ambiciosa de atingir US$ 50 bilhões a longo prazo.
Entretanto, nem tudo são boas notícias para a Supermicro. A empresa enfrentou desafios que culminaram em episódios controversos. Em 2018, foi retirada da Nasdaq por um atraso na entrega de documentos financeiros, retornando à bolsa somente dois anos depois. Recentemente, em agosto de 2024, um relatório da Hindenburg Research levantou questões sobre práticas contábeis irregulares e transações pouco transparentes com terceiros. Isso gerou a renúncia da auditoria EY e investigações pela SEC e pelo Departamento de Justiça dos EUA. A Supermicro, por sua vez, informou que implementou reestruturações e está em busca de um novo CFO, além de ter regularizado os relatórios financeiros até fevereiro de 2025.
Por fim, a empresa está aumentando sua aposta em tecnologia de ponta, especialmente com o sistema de resfriamento líquido em escala de rack. Essa tecnologia é projetada para lidar com o calor intenso gerado pelos servidores de IA, proporcionando uma redução de até 89% no custo com eletricidade para resfriamento e economizando até 40% no consumo de energia dos data centers. A Supermicro também oferece soluções modulares, como o Data Center Building Block Solution, que diminui o tempo de instalação para grandes data centers para apenas três meses.
Via Exame