CVC inova com integração entre lojas físicas e WhatsApp

CVC transforma sua atuação, integrando lojas e WhatsApp para inovar no turismo. Confira as novidades!
01/09/2025 às 06:02 | Atualizado há 2 dias
CVC pacotes de viagem
Vendas digitais crescem, lojas abertas, mas custos da dívida ainda preocupam a companhia. (Imagem/Reprodução: Investnews)

A CVC, tradicional empresa de turismo, passa por uma grande transformação. Com mais de 50 anos de história, a companhia agora combina lojas físicas e vendas online. Isso visa um crescimento que atenda às novas demandas do mercado, fazendo uma transição para um modelo “figital”.

Nos últimos dois anos, a CVC intensificou suas operações digitais, com 56% das vendas iniciadas via WhatsApp. Essa mudança mostra a adaptação da empresa às preferências dos consumidores, permitindo um atendimento mais eficiente. A presença digital facilita alcançar novos clientes e modernizar os processos.

Com a volta da família Paulus à empresa, a CVC busca diversificar suas receitas e expandir para o turismo de luxo. Os franqueados são beneficiados com custos operacionais menores. A empresa utiliza ferramentas de precificação e inteligência artificial para otimizar as vendas, enfrentando a concorrência com um serviço diferenciado.
A CVC pacotes de viagem, renomada empresa no setor de turismo, está passando por uma transformação significativa. Com mais de 50 anos de história, a companhia busca inovar e expandir sua atuação, indo além das tradicionais excursões em grupo. A estratégia atual visa combinar a força das lojas físicas com o alcance do mundo digital, visando um crescimento contínuo e adaptado às novas demandas do mercado.

Nos últimos dois anos, a CVC intensificou sua transição para um modelo figital, integrando lojas físicas e vendas online. As lojas se tornaram centros de atendimento digital, com 56% das vendas iniciadas ou finalizadas via WhatsApp, utilizando um sistema desenvolvido em parceria com a Meta. Essa mudança reflete a adaptação da empresa aos novos hábitos dos consumidores.

Fábio Godinho, CEO da CVC, destaca que a empresa não depende mais exclusivamente da visita física às lojas. A presença digital permite alcançar clientes de forma mais eficiente e personalizada. Após o retorno da família Paulus ao controle da empresa em 2023, Godinho tem como missão modernizar a CVC e consolidá-la como líder em vendas de viagens online, expandindo para o turismo de luxo.

Guilherme Paulus, fundador da CVC em 1972, e sua família haviam se afastado da empresa em 2019. Em 2023, a família Paulus retornou como acionista relevante através de um follow-on. Gustavo Paulus, filho de Guilherme, viu essa ação como uma oportunidade de investimento, dado que o valor de mercado da CVC estava abaixo do seu potencial pré-pandemia.

A volta da família Paulus não se baseou apenas em números. Havia um forte laço emocional com a empresa fundada por seu pai. Atualmente, os Paulus detêm quase 20% do negócio, enquanto a Opportunity e a Absolute possuem 7,8% e 8,7%, respectivamente. Gustavo Paulus acompanha de perto a reestruturação da empresa.

A estratégia figital permitiu acelerar a abertura de novas lojas, somando quase 200 por ano, totalizando mais de 1500 em operação. Esse modelo revitalizou a empresa, permitindo aos franqueados operar com custos menores e alcançar clientes em regiões antes não exploradas. A CVC está adotando ferramentas de gestão de receita e precificação dinâmica, comuns em companhias aéreas, para o setor de turismo.

Projetos de inteligência artificial estão sendo implementados. A empresa está testando algoritmos para ajustar preços em tempo real, conforme a demanda, e sistemas que sugerem ofertas personalizadas aos vendedores. A modernização também se reflete no marketing, com 70% dos investimentos direcionados para as redes sociais, buscando alcançar os consumidores onde eles já estão presentes.

A CVC tem aproveitado datas promocionais do varejo online para lançar ofertas e aumentar o tráfego. O CEO Fábio Godinho observa que, embora a CVC ainda atraia um público acima de 60 anos, o segmento que mais cresce é o de jovens entre 18 e 25 anos, com um crescimento de 35%.

Esse crescimento entre os jovens é uma resposta à concorrência das OTAs (Online Travel Agencies), que ganharam força após a pandemia. A CVC se diferencia ao garantir disponibilidade, preços competitivos e um atendimento mais eficiente. A empresa concentra volume em fornecedores como companhias aéreas, hotéis e cruzeiros, o que contribui para a experiência do consumidor.

A estratégia da CVC visa diversificar suas fontes de receita para enfrentar diferentes cenários econômicos. O B2C (venda direta ao cliente final) continua sendo o principal negócio, com pacotes de família entre R$ 4 mil e R$ 6 mil. A empresa oferece diversas formas de pagamento, incluindo financiamento, boletos, cartão de crédito, saque-aniversário do FGTS e pontos de programas de fidelidade.

O braço B2B (business to business) da CVC, que fornece passagens e hospedagens para agências parceiras, busca responder por 20% da receita do grupo. A operação na Argentina também tem apresentado resultados positivos, com crescimento de 37% e margens acima de 20%. A CVC relançou a Visual, focada no turismo de luxo, com tíquete médio entre R$ 10 mil e R$ 15 mil.

Apesar da renovação, a CVC ainda enfrenta o desafio de uma dívida elevada. Em 2023, a dívida era de quase R$ 800 milhões em debêntures, reduzida para R$ 550 milhões após renegociações. A empresa busca reduzir esse montante conforme a geração de caixa. O CFO Felipe Gomes destaca que o alto custo da dívida é um problema, embora tenham sido feitos avanços importantes na gestão financeira.

A CVC criou uma mesa de antecipação de recebíveis para aumentar a concorrência entre bancos e fundos, além de renegociar com bancos parceiros para reduzir o custo da dívida. O Bank of America e o BTG Pactual reconhecem o progresso na disciplina de capital, mas alertam que as despesas financeiras ainda limitam a geração de valor.

O balanço do segundo trimestre de 2024 mostra uma melhora, com receita líquida de R$ 704 milhões (crescimento de 16%) e EBITDA de R$ 92 milhões (crescimento de 31%). A geração de caixa operacional foi de R$ 130 milhões. A venda ao consumidor final enfrenta desafios como passagens mais caras e juros altos, mas a CVC compensa com a força do B2B e o desempenho na Argentina.

As ações da CVC, que já valeram mais de R$ 50, hoje estão em torno de R$ 2,15. Em 2025, os papéis acumulam alta de mais de 40%, indicando que o mercado começa a acreditar na recuperação da empresa. A CVC continua a se adaptar e inovar para manter sua relevância no mercado de turismo.

A CVC, com sua longa trajetória no mercado de turismo, busca se reinventar para atender às novas demandas e consolidar sua posição. A combinação de estratégias figitais, diversificação de receitas e gestão da dívida são os pilares dessa transformação, visando um futuro além das excursões tradicionais.

Via InvestNews

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.