Data centers de IA no Brasil e seu alto consumo energético

Descubra como os data centers de inteligência artificial podem consumir a mesma energia que 16 milhões de residências no Brasil.
03/08/2025 às 07:42 | Atualizado há 2 semanas
Data centers de IA
Crescimento de aplicativos exige energia e refrigeração em novas instalações pelo Brasil. (Imagem/Reprodução: G1)

O Brasil está se preparando para receber seus primeiros complexos de Data centers de IA, e a demanda energética desses centros de processamento de dados chama a atenção. Os quatro primeiros projetos poderão consumir, juntos, o equivalente à energia de 16,4 milhões de residências, segundo estimativas baseadas nas potências anunciadas pelas empresas responsáveis. Esses espaços serão construídos em diferentes estados, impulsionando o mercado de inteligência artificial no país.

Os Data centers de IA são cruciais para o desenvolvimento e treinamento de modelos de linguagem complexos, como os utilizados em aplicativos como o ChatGPT. Esses centros abrigam supercomputadores que exigem uma quantidade significativa de energia para funcionar e manter o resfriamento adequado. O aumento na demanda por esses espaços reflete o crescimento do mercado de IA e a necessidade de infraestrutura robusta para suportar essa tecnologia.

Um data center, traduzido do inglês, é um local físico que armazena e processa grandes volumes de informações. Existem dois tipos principais: os de nuvem (cloud), que operam serviços na internet, e os de IA, focados no treinamento de modelos de linguagem complexos. Atualmente, o Brasil possui 188 data centers, todos voltados para serviços de nuvem, ocupando a 12ª posição no ranking mundial, de acordo com o site Data Center Map.

O consumo de energia de um Data centers de IA é consideravelmente maior do que o de um data center convencional. Enquanto um centro de IA pode consumir energia equivalente à de milhões de casas, um data center tradicional, com potência de 20 megawatts, consome o equivalente ao de “apenas” 80 mil residências. Esse alto consumo de energia é um ponto crítico, especialmente em relação ao impacto ambiental, devido à necessidade de refrigeração constante dos equipamentos.

A construção dos Data centers de IA no Brasil está planejada para ocorrer em cinco localidades distintas. Rio de Janeiro (RJ), Eldorado do Sul (RS), Maringá (PR) e Uberlândia (MG) receberão os quatro primeiros complexos. Adicionalmente, um quinto data center está previsto para ser construído em Caucaia (CE), com potencial uso pelo TikTok, conforme noticiado pela agência Reuters, embora seu foco em IA ainda não esteja confirmado.

A Elea Data Centers, que já possui nove data centers de nuvem no país, planeja instalar mais quatro focados em IA no Rio AI City, localizado em Jacarepaguá. O complexo terá uma potência inicial de 1.500 megawatts, com potencial para expansão até 3.200 megawatts. Além dos Data centers de IA, o projeto incluirá edifícios para centros de pesquisa e startups, visando consolidar o Rio de Janeiro como um polo de inteligência artificial no Brasil.

Em Eldorado do Sul (RS), a Scala Data Centers construirá o Scala AI City, um projeto com “bairros” de servidores e potência de 1.800 megawatts, podendo chegar a 5.000 megawatts até 2033. A empresa destaca que o sistema de refrigeração utilizará óleo em circuito fechado, reduzindo o consumo de água. A prefeitura local aprovou uma lei para criar um polo tecnológico de data centers, oferecendo incentivos fiscais para o setor.

A RT-One, que ainda não possui data centers em operação, anunciou dois projetos: um em Maringá (PR) e outro em Uberlândia (MG), cada um com 400 megawatts de potência. Em Maringá, a prefeitura pretende criar uma área de livre comércio para facilitar a importação de equipamentos. A RT-One considera a possibilidade de utilizar água do Aquífero Guarani para resfriar o Data centers de IA, garantindo que o sistema não causará contaminação e terá baixo impacto ambiental.

A Casa dos Ventos construirá um centro de dados em Caucaia (CE), com 300 megawatts de potência na primeira fase, podendo ser ampliada para 576 megawatts. O espaço poderá ser utilizado pela ByteDance, dona do TikTok. A empresa utilizará um sistema de refrigeração em circuito fechado, consumindo menos água, e projeta um investimento acima de R$ 50 bilhões, com início das operações previsto para 2027.

Embora a projeção do consumo de energia dos Data centers de IA indique um impacto máximo para a rede elétrica, especialistas apontam que o uso real será um pouco menor. No entanto, há uma carência de informações públicas para entender o real impacto desses projetos no uso de energia e água no país. Estudos indicam que o treinamento de modelos de linguagem como o GPT-3 pode consumir grandes quantidades de água, levantando questões sobre a sustentabilidade dessas operações.

A chegada dos Data centers de IA ao Brasil representa um avanço significativo para o setor de tecnologia, impulsionando a inovação e o desenvolvimento de novas aplicações. No entanto, é fundamental que haja um acompanhamento rigoroso do consumo de energia e água, garantindo que esses projetos sejam sustentáveis e não causem impactos negativos ao meio ambiente. A transparência e a disponibilidade de informações são essenciais para que pesquisadores e a sociedade em geral possam avaliar os benefícios e os desafios dessa nova infraestrutura.

Via G1

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.