Debate sobre Ampliar Horário do Pregão nas Bolsas de Valores

Entenda as vantagens e desafios da proposta de operar 24 horas. Será uma solução viável?
19/09/2025 às 07:02 | Atualizado há 19 horas
Ampliar horário do pregão
Mercado cripto avança rápido, mas setores tradicionais ainda caminham devagar. (Imagem/Reprodução: Forbes)

A proposta de ampliar o horário do pregão nas bolsas de valores gerou um debate acalorado. A ideia é inspirada no modelo de mercado de criptomoedas, que opera 24/7, visando atender a demanda de investidores que desejam maior flexibilidade para operar. Entretanto, essa mudança levanta questões sobre sua viabilidade e os impactos operacionais.

Com a pandemia e eventos globais, ficou evidente que muitos investidores buscam reagir em tempo real às oscilações do mercado. O exemplo da queda da bolsa brasileira no carnaval de 2020 exemplifica a necessidade de uma resposta imediata aos acontecimentos. A discussão sobre as boas práticas e as dificuldades que surgirão com um funcionamento contínuo é essencial para o futuro do mercado financeiro.

Embora alguns enxerguem vantagens, como a redução de riscos e a possibilidade de ajuste de posições em diferentes fusos horários, outros apontam a necessidade de regulamentação e a complexidade operacional que pode surgir. O debate ao redor do funcionamento 24 horas continua e se mostra crucial para moldar o futuro das negociações no Brasil.
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A recente discussão sobre ampliar horário do pregão nas bolsas de valores reacendeu um debate importante no mercado financeiro. Inspirado pelo funcionamento ininterrupto do mercado de criptomoedas, essa mudança tem como objetivo proporcionar maior flexibilidade e capacidade de resposta aos investidores, que buscam acompanhar os acontecimentos globais em tempo real. Mas será que essa é a melhor solução para todos?

O mercado de criptomoedas, desde sua criação em 2009, opera 24 horas por dia, 7 dias por semana. Essa característica atrai investidores que não querem esperar a abertura da bolsa para reagir a eventos que ocorrem fora do horário comercial.

Um exemplo disso foi o carnaval de 2020 no Brasil. Enquanto a B3 estava fechada devido ao feriado prolongado, os mercados globais reagiam à crise da Covid-19. Na reabertura, a bolsa brasileira sofreu uma queda de 7%, o pior resultado desde o Joesley Day.

A possibilidade de reagir em tempo real é vista como uma grande vantagem. Por isso, mercados tradicionais, como as bolsas de valores, estão considerando ampliar horário do pregão para um funcionamento 24/7.

A Nasdaq, por exemplo, solicitou à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) permissão para operar 24 horas em cinco dias da semana. Segundo o presidente da empresa, Tal Cohen, o objetivo é atender investidores estrangeiros, que aumentaram 97% entre 2017 e 2024.

A Chicago Board Options Exchange (CBOE) também fez o mesmo pedido, e a New York Stock Exchange (NYSE) já obteve autorização, embora ainda não tenha implementado a mudança.

A ideia de ampliar horário do pregão não é unânime. Alguns agentes do mercado temem a perda de liquidez, enquanto outros acreditam que o fluxo financeiro será maior e mais democrático.

Maurício Takahashi, professor da Universidade Mackenzie, compara o mercado 24/7 a uma “Las Vegas em Wall Street”. Já Roberto Dagnoni, do Mercado Bitcoin, define como algo que proporciona flexibilidade e liberdade.

Henrique Lara, sócio e gestor de renda variável da Reach Capital, destaca que bolsas digitais de apostas, futuros e FX, além de corretoras como Interactive Brokers e Robinhood, já atuam dessa forma.

Ricardo Hammoud, professor da Faculdade Getulio Vargas (FGV), explica que as bolsas de valores identificam uma demanda crescente por horários mais flexíveis. No mundo digital e internacionalizado, atender em diferentes horários é crucial.

Para a WFE, uma implementação bem-sucedida exige esforço coordenado de todo o ecossistema financeiro, com mudanças nos sistemas, pessoal, governança e mecanismos de coordenação.

Ampliar horário do pregão traria a possibilidade de ajustar posições no fuso horário local, reduzindo o risco entre o fechamento e a abertura do mercado. Eventos fora do horário teriam melhor reflexo no preço e convergência com FX, futuros e cripto, além de aumentar a competitividade.

Segundo Dagnoni, o acesso e a dinâmica se tornariam mais democráticos. Os preços refletiriam a visão global, tornando a formação de valores mais dinâmica, transparente e eficiente. O investidor poderia ajustar suas posições sempre que necessário.

Por outro lado, a queda no número de transações em determinados horários pode gerar maior volatilidade. Um investidor poderia operar grandes volumes em momentos de baixa movimentação, elevando o risco de ciberataques.

Além disso, é preciso regulamentar como será feita a supervisão do fluxo ininterrupto de negociações, principalmente em momentos dinâmicos como divulgações de fatos relevantes e decisões de política monetária.

Em um mercado 24 horas, haveria maior complexidade operacional e de vigilância, fragmentando o sistema financeiro global. Ampliar o pregão demanda grande esforço de pessoal e capital.

A discussão sobre ampliar horário do pregão levanta questões importantes sobre o futuro do mercado financeiro. A busca por maior flexibilidade e acesso global precisa equilibrar os riscos e desafios operacionais. O debate continua, e o mercado observa atentamente os próximos passos.

Via Forbes Brasil

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Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.