A instabilidade em torno das futuras ações do Governo Federal sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) continua a moderar o interesse por ativos de risco no mercado interno. Paralelamente, no cenário internacional, as recentes controvérsias envolvendo o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, geraram apreensão em Wall Street. A tensão entre Trump e Elon Musk, CEO da Tesla, através de trocas de acusações na rede social X, adicionou mais um elemento de incerteza.
Ainda assim, um ponto positivo surgiu com o arrefecimento das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China, impulsionado pelo progresso nas negociações bilaterais. Trump comunicou ter conversado com o presidente chinês, Xi Jinping, sobre as relações comerciais, sinalizando uma conclusão promissora e a previsão de novas discussões. A notícia teve uma recepção positiva entre os investidores, valorizando moedas de exportadores de commodities, como o real.
O Banco Central Europeu (BCE) também comunicou uma pausa no corte de juros. Christine Lagarde, presidente do BCE, mencionou que, nas condições atuais, a instituição considera estar bem posicionada para enfrentar as incertezas futuras, sem se comprometer com uma trajetória predefinida para as taxas de juros. A expectativa é que o BCE mantenha as taxas estáveis na próxima reunião de política monetária, o que reforça a perspectiva de que a diferença de juros em relação aos Estados Unidos não aumentará.
Diante desse contexto, o Ibovespa apresentou um recuo de 0,56%, atingindo 136.236,37 pontos. O dólar à vista também registrou queda, com uma desvalorização de 1,03%, sendo cotado a R$ 5,58 – o menor valor desde outubro de 2024. Em Wall Street, o S&P 500 recuou 0,53%, com a queda nas ações da Tesla neutralizando o otimismo gerado pelas negociações comerciais entre EUA e China. No fim da tarde, o rendimento do título de dez anos do Tesouro dos Estados Unidos apresentava alta, chegando a 4,3985%.
Além disso, o CEO da Tesla expressou críticas às declarações de Trump, marcando uma escalada na disputa entre ambos, que se intensificou após a saída de Musk do governo dos EUA em maio. Musk tem criticado as políticas da gestão Trump, alegando que as tarifas impostas pelo governo republicano podem levar os Estados Unidos a uma recessão no segundo semestre.
Insatisfeito com as declarações de seu antigo aliado, Trump chegou a sugerir que o governo deveria considerar o encerramento de todos os contratos governamentais do bilionário, o que afetaria principalmente a SpaceX.
No cenário corporativo, algumas empresas se destacaram. As ações do Bradesco PN caíram 2,92%, refletindo uma realização de lucros após um ganho de 50% no ano. ITAÚ UNIBANCO PN cedeu 1,22%, SANTANDER BRASIL UNIT recuou 0,31%, e BANCO DO BRASIL ON fechou com um decréscimo de 0,49%. Em contrapartida, SUZANO ON avançou 6,31% após anunciar um acordo para formar uma joint venture global com a Kimberly-Clark, investindo US$1,7 bilhão para deter 51% de participação em uma operação com 22 fábricas de papéis sanitários.
Por outro lado, HAPVIDA ON recuou 5,92%, após dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) indicarem uma queda no número de clientes dos planos de saúde da companhia. GERDAU PN valorizou-se 3,47%, impulsionada por uma elevação na recomendação do Bank of America, enquanto TOTVS ON fechou em baixa de 2,28%, com analistas do Citi cortando a recomendação da ação para “neutra”. MINERVA ON subiu 4,9%, recuperando-se após uma queda na sessão anterior.
No mercado de petróleo, a Petrobras PN fechou com variação positiva de 0,03%, apesar da alta dos preços no exterior, devido a preocupações sobre possíveis medidas governamentais envolvendo o setor. VALE ON subiu 0,27%, mesmo com o declínio dos futuros do minério de ferro na China.
Em resumo, a Decisão do BCE de pausar o corte de juros, juntamente com outros fatores como as tensões comerciais e as disputas políticas, influenciou o desempenho do mercado financeiro, resultando em movimentos distintos em diferentes setores e empresas.
Via Forbes Brasil