Um estudo recente liderado por pesquisadores brasileiros revelou um fator surpreendente relacionado ao Declínio cognitivo no Brasil. Contrariando a crença de que idade e sexo são os principais fatores de risco para o declínio cognitivo, a pesquisa indica que a baixa escolaridade se destaca como o fator mais significativo no contexto brasileiro.
Por décadas, estudos focados principalmente na América do Norte e Europa estabeleceram a idade e o sexo feminino como os maiores preditores de declínio cognitivo. Entretanto, esta nova pesquisa, publicada no periódico The Lancet Global Health, sugere que esses fatores podem variar bastante conforme o contexto socioeconômico. A pesquisa indica a necessidade de uma abordagem mais regionalizada para compreender a saúde cerebral.
O estudo, realizado em colaboração com pesquisadores argentinos, analisou dados de 9.412 participantes do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil). A pesquisa utilizou um algoritmo de machine learning para identificar os fatores mais relevantes na previsão e explicação do declínio cognitivo. Resultados revelaram que a baixa escolaridade superou outros fatores como principal risco.
Para o Declínio cognitivo no Brasil, a baixa escolaridade se destacou significativamente. Outros fatores de risco, como saúde mental, hábitos de atividade física, tabagismo, quedas e doenças cardiovasculares, também foram considerados. No entanto, a idade e o sexo, considerados fatores importantes em estudos de países desenvolvidos, tiveram menor impacto nas estatísticas brasileiras.
Este estudo evidencia uma forte ligação entre a desigualdade e o Declínio cognitivo no Brasil. A educação, apesar de ser um direito constitucional, não tem acesso igualitário para todos. Em 2023, 24% dos jovens entre 15 e 17 anos estavam fora da escola, e o país possui quase 10 milhões de analfabetos, concentrados principalmente no Nordeste.
O estudo sugere que a educação contribui para a construção de uma reserva cognitiva que protege o cérebro. Quem estuda desenvolve mais conexões cerebrais, tornando-o mais resiliente a doenças e ao envelhecimento. Um exemplo simples: resolver uma multiplicação. Há diferentes métodos para chegar ao resultado; quem estudou provavelmente conhece vários, enquanto quem não teve acesso à educação pode ter apenas um.
Os pesquisadores enfatizam que investir na educação, especialmente na infância, é crucial para prevenir o Declínio cognitivo no Brasil. O Ministério da Saúde estima 2,71 milhões de casos de demência no país, número que pode chegar a 5,6 milhões até 2050. A prevenção por meio de políticas educacionais é fundamental para mudar este cenário. Pesquisas futuras investigarão os benefícios do retorno aos estudos na vida adulta e o papel da educação superior na proteção cerebral.