O ex-presidente Jair Bolsonaro enfrenta acusações de liderar uma organização criminosa com o objetivo de tomar o poder em 2022. Em resposta, a Defesa de Bolsonaro assegura que ele não pretende fugir do país ou buscar asilo em embaixadas caso seja condenado. Seus advogados afirmam que ele enfrentará o processo no Supremo Tribunal Federal (STF), confiante em sua inocência.
Os advogados de Bolsonaro, Paulo Amador da Cunha Bueno e Celso Vilardi, foram entrevistados pelo Estadão, onde detalharam a estratégia de defesa. Eles reconhecem a dificuldade da missão, diante da complexidade das acusações.
Bolsonaro é o principal alvo de uma denúncia de 272 páginas da Procuradoria-Geral da República (PGR), que o acusa de cinco crimes na tentativa de um golpe de Estado. Ele é apontado como líder de um “projeto autoritário de poder” com influência militar.
O procurador-geral Paulo Gonet buscou apresentar as acusações de forma clara, destacando o risco que Bolsonaro e seus aliados representaram para a democracia brasileira. A denúncia conecta eventos desde 2021 até os atos de 8 de janeiro, marcando uma linha do tempo de discursos e ações que culminaram na invasão da Praça dos Três Poderes.
A Defesa de Bolsonaro argumenta que a insatisfação após as eleições de 2022 gerou “cogitações inconformistas”, mas nega que Bolsonaro tenha planejado um golpe. Segundo a defesa, ele sempre priorizou medidas legais, legítimas e pacíficas.
A denúncia da PGR menciona uma reunião de Bolsonaro com comandantes das Forças Armadas e o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, em dezembro de 2022, como preparatória para o golpe. A Polícia Federal e a PGR afirmam que o plano não se concretizou devido à falta de apoio do Exército, com Bolsonaro buscando apoio para uma “insurreição”.
A Defesa de Bolsonaro contesta essa versão, argumentando que, se houvesse intenção golpista, ele teria substituído os comandantes que não aderissem ao plano. Além disso, a defesa destaca que Bolsonaro realizou a transição de governo e nomeou novos comandantes militares indicados pelo presidente eleito.
A denúncia foi encaminhada ao STF, onde os ministros da Primeira Turma analisarão se há provas suficientes para abrir uma ação penal, sob a relatoria de Alexandre de Moraes.
Os advogados de Bolsonaro afirmam que ele jamais cometeu qualquer ilícito ou mesmo cogitou cometê-lo, respeitando a Constituição. Eles reconhecem a insatisfação de seus apoiadores após as eleições de 2022, mas reiteram que Bolsonaro jamais apoiou medidas ilegais.
Sobre a reunião com os comandantes das Forças Armadas, a Defesa de Bolsonaro nega qualquer ação ilegal ou de força, classificando a acusação como sem sentido.
A denúncia também alega que Bolsonaro sabia e concordou com um plano para matar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes. A defesa nega veementemente essa acusação, afirmando que Bolsonaro jamais concordaria com qualquer plano subversivo, especialmente de cunho violento.
Diante da possibilidade de condenação e prisão, a Defesa de Bolsonaro garante que ele responderá a todos os atos da investigação e da ação penal, mantendo o respeito ao sistema legal brasileiro. Eles descartam qualquer possibilidade de Bolsonaro pedir asilo em alguma embaixada, reafirmando sua crença na inocência e confiança no reconhecimento da mesma.
A equipe de Defesa de Bolsonaro continua a trabalhar para contestar as acusações e garantir que o ex-presidente tenha um julgamento justo. O desenrolar desse caso será crucial para o cenário político e jurídico do país.