O julgamento falso médico Leonardo Luz Moreira, acusado pelo Ministério Público por homicídio qualificado, exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica, pode ser transferido de São Mateus para Vitória. A defesa do réu solicitou o desaforamento, alegando que a pressão popular em São Mateus poderia influenciar os jurados. Entenda os detalhes desse caso que chocou a comunidade local e ganhou repercussão em todo o estado.
A defesa de Leonardo Luz Moreira, agindo em favor do réu, formalizou um pedido de desaforamento, buscando transferir o julgamento para a capital. O Tribunal do Júri está agendado para o dia 27, no fórum de São Mateus, e a defesa também solicitou a suspensão liminar do julgamento.
A alegação central da defesa é que a comoção popular em São Mateus pode comprometer a imparcialidade dos jurados. Segundo a defesa, a forte repercussão do caso na cidade criaria um ambiente propenso a influenciar o veredito.
Leonardo está detido preventivamente desde dezembro, no Paraná, após desrespeitar uma ordem judicial que o impedia de deixar o país, ao se matricular em um curso de Medicina no Paraguai. Ele responde por falsificação de prontuário e pela morte de uma criança de 10 anos, em 2021, quando atuava ilegalmente como médico em São Mateus. Investigações revelaram que ele exerceu a medicina ilegalmente por cerca de três anos em diversas instituições.
A defesa embasou o pedido de desaforamento com reportagens, manifestações nas redes sociais e menções à vice-prefeita de São Mateus. A alegação é que a família da vítima é muito conhecida na cidade, com a mãe atuando como professora na rede municipal de ensino. A defesa também mencionou manifestações organizadas para o dia do julgamento e um abaixo-assinado pedindo justiça para a vítima, além de prints de redes sociais de figuras públicas locais.
Os advogados argumentam que a forte influência política e a cobertura midiática massiva contaminaram a comarca de São Mateus, tornando impossível um julgamento justo e imparcial. A defesa conclui o pedido solicitando a suspensão da sessão plenária designada para o dia 27 e a transferência da competência do julgamento para a capital, garantindo um julgamento falso médico justo.
O desembargador Pedro Valls Feu Rosa, relator do caso no Tribunal de Justiça, negou o pedido liminar de suspensão do julgamento. O desembargador argumentou que não há provas concretas de que as informações apresentadas influenciariam a decisão do júri e que o caso teve repercussão em todo o estado, não apenas em São Mateus.
O desembargador pediu para ouvir o juiz da comarca de São Mateus e o Ministério Público Estadual antes de decidir sobre a transferência do julgamento para a Capital. Até o momento, nem o juiz nem o MPES se manifestaram a respeito.
Caso o pedido de desaforamento seja aceito, o julgamento será transferido para a Capital, sem uma data definida para ocorrer. Apesar da prioridade em julgamentos de réus presos, não há previsão de quando Leonardo seria julgado, o que pode atrasar ainda mais a sentença.
Ana Luisa, a vítima, começou a passar mal em janeiro, com dores abdominais. A mãe a levou ao hospital, onde Leonardo a atendeu sem examiná-la adequadamente, diagnosticando gastroenterite. Após a administração de uma medicação, a menina convulsionou e faleceu. A mãe registrou um boletim de ocorrência. Em agosto, Leonardo foi preso durante uma operação da Polícia Federal, acusado de exercer medicina ilegalmente e de falsificar documentos para outros falsos médicos, cobrando valores entre R$ 20 mil e R$ 40 mil.
A decisão sobre a possível transferência do julgamento falso médico para a capital ainda está pendente, enquanto a comunidade aguarda os próximos passos desse caso. A expectativa é que a justiça seja feita, seja em São Mateus ou em Vitória, e que todos os fatos sejam devidamente apurados e esclarecidos.