Déficit comercial dos EUA sobe 11% em meio à guerra comercial

O déficit comercial dos EUA cresce 11% durante a guerra comercial de Trump. Descubra os impactos desse aumento.
26/06/2025 às 14:36 | Atualizado há 3 dias
Déficit comercial EUA
Crescimento de 11% no déficit comercial dos EUA ressalta efeitos da guerra comercial. (Imagem/Reprodução: Exame)

O déficit comercial EUA apresentou um crescimento inesperado em maio, atingindo US$ 96,6 bilhões, um aumento significativo de 11,1%. Essa informação foi reafirmada pelo Departamento de Comércio dos EUA nesta quinta-feira, superando as expectativas dos analistas que previam um déficit de cerca de US$ 86,1 bilhões, conforme uma pesquisa da Bloomberg.

As exportações de bens dos EUA sofreram uma queda marcante de 5,2% em maio, totalizando US$ 179,2 bilhões. Essa queda foi impulsionada pela diminuição considerável nos embarques de suprimentos industriais, especialmente do petróleo bruto. É importante notar que esses dados não ajustam os valores em relação à inflação, e os preços do petróleo têm permanecido em queda desde o início do ano, o que pode ter afetado este resultado.

Por outro lado, as importações se mantiveram quase inalteradas, totalizando US$ 275,8 bilhões, após um período de queda acentuada. Nos três primeiros meses do ano, as empresas americanas aumentaram suas compras de produtos estrangeiros, em um esforço para estocar recursos antes da introdução de tarifas pelo ex-presidente Donald Trump.

Além disso, um relatório do Departamento do Trabalho revelou um aumento nos pedidos de seguro-desemprego, que atingiu seu maior nível desde novembro de 2021. Isso sugere que os trabalhadores americanos têm enfrentado dificuldades maiores para encontrar novas oportunidades de emprego e uma parte significativa está fora do mercado de trabalho por períodos prolongados. Na semana encerrada em 14 de junho, as solicitações continuadas chegaram a 1,97 milhão.

O déficit comercial EUA mais amplo sugere que a contribuição do comércio para o crescimento econômico no segundo trimestre pode ser menor do que o antecipado anteriormente. Antes da divulgação desses dados, a projeção do GDPNow, do Federal Reserve Bank de Atlanta, previa que as exportações líquidas contribuiriam com mais de dois pontos percentuais para o PIB do segundo trimestre. Contudo, uma onda de importações nos primeiros meses deste ano havia abatido 4,66 pontos percentuais do PIB, o maior impacto desde 2020, quando a economia apresentou uma contração de 0,5% entre janeiro e março.

Adicionalmente, o relatório do PIB do primeiro trimestre destacou um descompasso entre os efeitos do comércio e dos estoques. Normalmente, os bens importados são armazenados ou enviados para as prateleiras das lojas, o que minimiza os impactos negativos nas contas do PIB. Neste caso, as mercadorias em estoque contribuíram com 2,59 pontos percentuais, mas isso foi insuficiente para compensar a deterioração do saldo comercial, deixando os economistas em busca de explicações.

Oliver Allen, economista sênior dos EUA na Pantheon Macroeconomics, indicou que os estoques podem ter sido subestimados, apesar do crescimento nas importações de produtos farmacêuticos. Ele também sugeriu que as distorções que prejudicaram o PIB no início do ano podem gerar resultados opostos no segundo trimestre, dado o aumento das compras antes da implementação das tarifas.

Finalmente, um relatório separado do Departamento de Comércio revelou um crescimento de 1,7% nos pedidos de bens de capital, o maior aumento do ano até agora, indicando concretamente um movimento de recuperação em várias indústrias. As demandas por todos os bens duráveis saltaram 16,4%, com grande destaque para os pedidos de aeronaves comerciais, onde a Boeing registrou 303 novas solicitações em maio, um aumento considerável em relação ao mês anterior.

Via Exame

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.