O déficit comercial EUA apresentou um aumento inesperado em maio, impactado pela maior queda nas exportações desde o início da pandemia. Dados do Departamento de Comércio revelaram que o déficit saltou 11,1%, atingindo US$ 96,6 bilhões, superando a estimativa de US$ 86,1 bilhões prevista por economistas consultados pela Bloomberg. Este cenário levanta questões sobre o impacto no crescimento econômico do país.
As exportações de bens dos EUA sofreram uma retração de 5,2% em maio, totalizando US$ 179,2 bilhões. Essa queda foi influenciada pela diminuição nos embarques de suprimentos industriais, como o petróleo bruto, cujos preços vêm caindo ao longo do ano. Em contrapartida, as importações se mantiveram praticamente estáveis em US$ 275,8 bilhões.
Paralelamente, o Departamento do Trabalho reportou um aumento nos pedidos de seguro-desemprego, atingindo o nível mais alto desde novembro de 2021. Isso indica que os trabalhadores americanos desempregados estão enfrentando dificuldades para encontrar novas oportunidades e permanecem mais tempo fora do mercado de trabalho. Os pedidos contínuos somaram 1,97 milhão na semana encerrada em 14 de junho.
O aumento do déficit comercial EUA em maio sugere que o comércio pode contribuir menos para o crescimento do segundo trimestre do que se esperava inicialmente. A estimativa GDPNow do Federal Reserve Bank de Atlanta apontava para uma contribuição de mais de dois pontos percentuais das exportações líquidas para o PIB do segundo trimestre, cenário que pode ser revisto.
No primeiro trimestre, um aumento nas importações subtraiu 4,66 pontos percentuais do PIB, representando o maior impacto desde 2020. A economia americana encolheu 0,5% no período. O relatório do PIB do primeiro trimestre também evidenciou uma divergência entre os impactos do comércio e dos estoques.
Os estoques contribuíram com 2,59 pontos percentuais para o PIB do primeiro trimestre, insuficientes para compensar o agravamento do saldo comercial. Oliver Allen, economista sênior da Pantheon Macroeconomics, sugere que os estoques podem ter sido subestimados, mesmo com o aumento nas importações de produtos farmacêuticos.
Allen também mencionou que as distorções que reduziram o PIB no início do ano podem ter um efeito oposto no segundo trimestre, devido à antecipação de compras de bens antes da imposição de tarifas. Os estoques do varejo subiram 0,3% no último mês, enquanto os estoques no atacado caíram 0,3%.
A política de tarifas tem sido uma estratégia central para estimular a produção doméstica e impulsionar as exportações, visando eliminar os déficits com parceiros comerciais e aumentar a arrecadação do governo. Um relatório separado do Departamento de Comércio revelou que os pedidos principais feitos a fábricas dos EUA para equipamentos empresariais aumentaram 1,7%, o maior salto desde o início do ano. Os embarques de bens de capital principais cresceram 0,5%.
Os pedidos de todos os bens duráveis, itens feitos para durar ao menos três anos, dispararam 16,4%, refletindo um aumento excepcional nos pedidos de aeronaves comerciais. A Boeing, por exemplo, registrou 303 pedidos em maio, um aumento acentuado em relação ao mês anterior. O cenário do déficit comercial EUA e seus componentes permanece em foco, com potenciais impactos no futuro da economia.
Via Exame