Déficit fiscal se eleva e gera preocupação entre economistas

Economistas alertam sobre déficit crescente e riscos fiscais para 2026.
30/10/2025 às 16:43 | Atualizado há 4 dias
               
Resultado fiscal do governo
Emendas parlamentares seguem em alta e impactam as contas públicas até o fim do ano. (Imagem/Reprodução: Infomoney)

O resultado fiscal do governo central em setembro revelou um déficit de R$ 14,5 bilhões, acima do registrado no mesmo mês de 2024. Os analistas esperavam um resultado semelhante, estimando um déficit próximo a R$ 15 bilhões. A análise indica que, mesmo com receitas em alta, o crescimento das despesas continua a elevar o alerta sobre a saúde fiscal do país.

A XP e o Inter destacam que as receitas líquidas cresceram apenas 0,6% ano a ano, enquanto as despesas saltaram 5,7%, pressionadas por gastos discricionários e emendas. Para os próximos meses, as expectativas são de que a arrecadação tributária sofra uma desaceleração, refletindo a perda de força da economia e pressões inflacionárias.

Para 2025, as projeções apontam para um déficit primário de R$ 60,7 bilhões, o que corresponde a 0,5% do PIB. A necessidade de um esforço adicional pelo governo no último trimestre de 2025 também foi avaliada. Apesar do aumento nas receitas da previdência, a incerteza sobre o resultado fiscal para 2026 permanece alta, em meio a um cenário eleitoral que pressiona os gastos necessitando de atenção dos formuladores de políticas.
O resultado fiscal do governo central em setembro apresentou um déficit de R$ 14,5 bilhões, superando o déficit de R$ 5,2 bilhões registrado no mesmo período de 2024. Apesar desse valor, o resultado ficou dentro das projeções dos economistas, que estimavam um déficit em torno de R$ 15 bilhões.

Economistas da XP e do Inter analisaram os dados e apontaram que, embora as receitas líquidas tenham apresentado um crescimento de 0,6% na comparação anual, as despesas totais aumentaram 5,7% no mesmo período. Esse aumento nas despesas, impulsionado principalmente pelas despesas discricionárias e emendas parlamentares, tem pressionado as contas públicas.

Tiago Sbardelotto, economista da XP, destacou o aumento na arrecadação líquida para o Regime Geral de Previdência Social (RGPS), que cresceu 11,9% devido ao aquecimento do mercado de trabalho e à redução nas compensações tributárias. Ele também mencionou a expansão do IOF como um fator positivo para as receitas.

Rafaela Vitoria, economista-chefe do Inter, ressaltou que a receita total teve um aumento real de 2,7% em setembro, com uma queda de 1% na receita administrada, compensada pelo aumento de 11,9% na arrecadação da previdência, refletindo um mercado de trabalho robusto.

Apesar do aumento nas receitas, as despesas continuam a crescer em ritmo acelerado. As despesas discricionárias tiveram um aumento de 22,9% acima da inflação, impactando o resultado fiscal do governo. As despesas com previdência apresentaram maior estabilidade, enquanto outras despesas obrigatórias cresceram cerca de 2% acima da inflação.

Para os próximos meses, a XP projeta uma desaceleração no crescimento da arrecadação tributária devido à perda de força da atividade econômica, da taxa de câmbio e dos preços. Essa desaceleração deve aumentar a dependência de receitas extraordinárias, como os pagamentos de leilões de áreas de petróleo não contratadas.

A XP projeta um déficit primário de R$ 60,7 bilhões para 2025, equivalente a 0,5% do PIB. Excluindo as exceções do cálculo para a meta primária, o déficit recua para R$ 10,4 bilhões, ainda acima do limite inferior da meta fiscal. A economista Rafaela Vitoria revisou a projeção de déficit para R$ 59 bilhões em 2025, cerca de 0,5% do PIB, considerando o intervalo inferior e excluindo as despesas com precatórios.

Economistas alertam para a tendência de desaceleração da arrecadação em 2026, enquanto a demanda por gastos em ano de eleição deve continuar pressionando o resultado fiscal do governo, mantendo um cenário de incerteza e percepção de risco elevado.

A Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado avaliou que o governo precisará de um esforço adicional de R$ 27,1 bilhões no último trimestre de 2025 para alcançar a meta de resultado primário zero, estabelecida na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Essa avaliação considera a perda de eficácia da MP 1.303, que estabelecia medidas de compensação tributária e foi arquivada pela Câmara.

Via InfoMoney

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.