A Natura (NATU3) tem se mostrado resiliente em sua estratégia, mas enfrenta desafios de curto prazo, conforme relatório do Bradesco BBI. O banco destaca a recuperação da alienação da Avon Internacional, mas alerta sobre a desaceleração das vendas no Brasil, que somam cerca de 60% do total. Essa situação gera preocupação entre investidores, que monitoram de perto os desdobramentos.
O desempenho da Natura na América Latina também é uma preocupação. O relatório aponta riscos nas operações do México e da Argentina devido a fatores econômicos locais. Apesar da pressão, a Natura conquista participação de mercado, porém com crescimento mais modesto nas vendas ao longo dos últimos meses. O banco reafirma a compra das ações da empresa, porém condicionada a ajustes financeiros.
Com a crescente importância dos canais de venda não diretos, que representam uma parcela maior das vendas, a Natura tenta amenizar o impacto das dificuldades. No entanto, a competição interna, principalmente com a Avon, que tem perdido espaço, é um fator a ser observado. Investidores estão atentos à evolução do cenário para a companhia brasileira.
A administração da Natura (NATU3) tem demonstrado uma abordagem estratégica bem definida em relação às questões estruturais da empresa. Contudo, desafios de curto prazo ainda persistem, conforme apontado pelo Bradesco BBI em um relatório recente divulgado pela Ágora Investimentos.
O banco expressou confiança na resolução da alienação da Avon Internacional. No entanto, destacou a existência de riscos relacionados à desaceleração da operação brasileira, responsável por aproximadamente 60% das vendas da Natura. Além disso, alertou para as normalizações da Onda 2 no México e na Argentina, que podem impactar o desempenho da empresa.
No cenário base do BBI, a descontinuação total da Avon Internacional acarretaria uma penalidade de R$ 1,2 bilhão no primeiro ano. Esse valor está em linha com os US$ 230 milhões estimados publicamente. Considerando que US$ 30 milhões já foram aplicados, o custo remanescente da alienação seria de cerca de US$ 200 milhões, elevando a relação dívida líquida/Ebitda final da Natura para aproximadamente 2,3 vezes.
Apesar dos desafios de curto prazo, o banco mantém a visão de que o valor potencial a ser desbloqueado justifica a recomendação de compra das ações da Natura. Essa recomendação está condicionada ao alinhamento do balanço consolidado e do fluxo de caixa com os números da Natura Cosméticos, condição essencial para uma eventual reclassificação estrutural dos múltiplos. O preço-alvo estabelecido é de R$ 17.
O Bradesco BBI observou que a unidade de negócios da Natura no Brasil tem registrado uma desaceleração nas vendas da Natura desde junho. Esse movimento ocorreu após um crescimento de dois dígitos observado entre março e maio. Dados de terceiros indicam uma queda anual de 0% a 1% em junho, com uma leve melhora em julho, apresentando um crescimento estável a um dígito baixo.
A marca Natura continua a ganhar participação de mercado, com um crescimento estimado entre 2% e 3% no 3T25, em comparação com os 10,4% registrados no 2T25. A desaceleração impactou principalmente os segmentos de beleza e fragrâncias, enquanto os cuidados pessoais demonstraram maior resiliência. Em contrapartida, a marca Avon continua a perder participação no mercado.
Um ponto destacado pelo Bradesco BBI é a crescente importância dos canais de vendas da Natura não diretos. Esses canais aumentaram sua representatividade de 10% das vendas da Natura no 2T24 para 13% no 2T25. Eles se mostram cada vez mais relevantes e microdirecionados, auxiliando na compensação parcial da pressão econômica sobre o modelo de vendas diretas mais estabelecido.
Fora do Brasil, o Bradesco BBI aponta que a dinâmica varia conforme a região. No México, que representa 10% das vendas da Natura, há sinais de tensão no varejo e consumo. A implementação da Onda 2 da Natura introduz uma volatilidade de curto prazo, que foi observada no 2T25 e tem previsão de persistir, em menor grau, no 3T25.
Segundo o banco, melhorias operacionais e uma baixa participação de mercado podem superar os desafios macro no futuro. Na Argentina, que responde por 15% das vendas da Natura, o Bradesco BBI observa um cenário macro mais favorável, embora a desvalorização cambial ainda represente um risco para os resultados consolidados da empresa.
Diante desse cenário, investidores e analistas permanecem atentos ao desempenho da Natura, monitorando de perto a evolução das vendas da Natura no Brasil e nos mercados hispânicos, bem como os impactos da alienação da Avon Internacional e da implementação da Onda 2.
Via Money Times