A IA no agronegócio brasileiro tem demonstrado um enorme potencial para transformar a produção de commodities. No entanto, essa integração enfrenta desafios que vão além das questões técnicas, incluindo aspectos regulatórios e a adaptação humana às novas tecnologias.
Durante o Global Agribusiness Festival (GAFFFF), em São Paulo, Guilherme Panes, da Jacto, ressaltou a importância de ver a IA como uma ferramenta para ampliar as capacidades humanas, não para substituí-las. A decisão final, segundo ele, deve sempre ser humana.
A Jacto já utiliza veículos autônomos para pulverização em lavouras de laranja desde 2013. Atualmente, esses veículos contam com sistemas que usam visão computacional e algoritmos de aprendizado de máquina para detectar a maturidade das frutas e prever perdas.
O advogado Hélio Moraes, do escritório PK Advogados, defende a criação de um marco regulatório equilibrado para a IA no agronegócio, que ofereça segurança jurídica sem impedir a inovação. Ele vê o Projeto de Lei 2338 como uma oportunidade para o Brasil desenvolver um modelo próprio e adequado à realidade nacional.
Moraes também destacou a importância da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) na articulação com os setores produtivos, alertando para os riscos do uso indevido de dados sensíveis de agricultores.
Mário Sérgio Salani, da BP Bionergy, aponta que os obstáculos à adoção da inteligência artificial não são apenas técnicos, mas também culturais e geracionais. Ele menciona a dificuldade de conectar a tecnologia com as pessoas, já que muitos agricultores mais velhos resistem ou têm dificuldades em operar as novas tecnologias.
Salani acredita que é fundamental mostrar o propósito e os resultados da IA no agronegócio, mostrando que ela simplifica e melhora o trabalho no campo. O Brasil tem potencial para se tornar uma referência internacional no uso de IA no agronegócio, dada a sua relevância na produção de commodities e a adoção de tecnologias agrícolas.
Hélio Moraes ressalta que o agro brasileiro está à frente e pode influenciar padrões globais, desde que haja uma regulação adequada e investimento em qualificação. Para que isso aconteça, é necessário investir em infraestrutura digital, formação técnica, governança de dados e engajamento de todos os envolvidos na cadeia produtiva.
Guilherme Panes complementa que não adianta investir em IA sem extrair valor do que já existe, sendo essencial usar bem os dados e criar inteligência dentro das propriedades.
Via InfoMoney