Desafios da Teka: como a centenária companhia luta contra a falência

Entenda como a Teka enfrenta uma batalha para preservar sua história de 100 anos e evitar a falência.
03/06/2025 às 06:17 | Atualizado há 2 meses
Falência da Teka
Conflito entre sócios e administração marca a trajetória da tradicional marca têxtil. (Imagem/Reprodução: Investnews)

A Falência da Teka, tradicional marca de cama, mesa e banho, antes sinônimo de lar brasileiro, tornou-se um dos casos mais surpreendentes no mundo corporativo. Fundada em 1926, a empresa enfrenta uma reviravolta que inclui falência, reversão e uma intensa disputa para definir seu futuro, tudo em menos de um ano. Acompanhe os detalhes dessa saga que envolve dívidas bilionárias, fundos de investimento e a luta pelo controle da companhia.

A história da Falência da Teka ganhou um novo capítulo após a empresa, sediada em Blumenau, sucumbir à má gestão e à concorrência asiática. Em recuperação judicial há 13 anos, a tecelagem acumula dívidas de R$ 4 bilhões. A gestão, antes nas mãos da família fundadora, passou para um interventor judicial do escritório Leiria & Cascaes em 2017, afastando os herdeiros do controle.

Atualmente, a Teka vive uma situação atípica, onde um administrador judicial comanda a empresa, sem participação acionária. O maior acionista individual é o fundo de investimentos Alumini, detentor de 25% das ações, que busca na Justiça o direito de assumir o controle para reestruturar a companhia. O fundo propõe injetar R$ 100 milhões e sanear as dívidas, mas enfrenta resistência do administrador judicial, que defende a Falência da Teka, alegando inviabilidade da recuperação.

Os herdeiros da Teka, com 31% do capital, observam a disputa sem envolvimento direto. No final do ano passado, o FIP Alumni reuniu acionistas minoritários, utilizando uma brecha na Lei das S.A. para garantir o direito de voto das ações PNs, destituindo os direitos políticos da família fundadora e elegendo um novo conselho administrativo, além de CEO e CFO.

Apesar da oposição do interventor, que solicitou a Falência da Teka, o fundo conseguiu reverter a decisão judicial. A Junta Comercial de Santa Catarina confirmou a eleição do conselho pela assembleia de acionistas, permitindo que a nova administração assuma a gestão da empresa ainda este mês. O clímax dessa história ocorreu em 30 de dezembro de 2024, com a reunião dos três grupos opositores em Blumenau para a assembleia de acionistas.

De um lado, os herdeiros; do outro, o administrador judicial, interessado em manter o cargo; e, por fim, o fundo de investimento Alumni, buscando o controle da empresa. O Alumni, desde 2023, acumulou 25% das ações preferenciais (PNs) negociadas na B3, formando um bloco de apoio majoritário para a assembleia.

O fundo, contudo, valeu-se de uma lacuna na Lei das S.A. para garantir o voto dos minoritários, assegurando sua participação nas decisões. Com 58% dos votos, o Alumni promoveu uma reviravolta completa, aprovando novos conselheiros, CEO e CFO, e cassando os direitos políticos dos antigos acionistas controladores, os Kuehnrich.

Após a assembleia, o administrador judicial Pedro Cascaes Neto solicitou a Falência da Teka, que foi aceita pela Justiça em fevereiro. Em outra reviravolta, o Alumni conseguiu reverter a decisão, com o Tribunal de Justiça de Santa Catarina suspendendo o processo até a conclusão de uma auditoria financeira independente sobre a viabilidade da Teka.

Leandro Chiarottino, sócio do Chiarottino e Nicoletti, garante que a empresa é viável e que a dívida bilionária é, na verdade, menor. Segundo ele, 80% do débito são obrigações tributárias que, com negociações e parcelamentos, poderiam cair para R$ 329 milhões, com um desconto de 84%. A Teka também possui um crédito fiscal relevante, que poderia ser usado para abater a dívida federal.

A história da Teka começou com Hermann Kuehnrich, imigrante alemão que fundou a empresa em Blumenau no início do século 20. Sob o comando familiar, a empresa se tornou uma das maiores fabricantes de produtos de cama, mesa e banho do país nas décadas de 1970 a 1990. Em 2012, a Teka entrou com pedido de recuperação judicial, com uma dívida de R$ 780 milhões, que hoje supera os R$ 4 bilhões.

Atualmente, a Teka possui duas plantas fabris, em Blumenau e Arthur Nogueira (SP), empregando 2 mil funcionários. A empresa concentra 70% de seu faturamento em vendas para os setores hoteleiro e hospitalar, atendendo a 5 mil hotéis no país, incluindo clientes como Accor, Slaviero e THG. Segundo os últimos dados, a Teka teve uma receita líquida de R$ 323,66 milhões em 12 meses até setembro de 2024, registrando um prejuízo líquido de R$ 170 milhões.

O futuro da Teka permanece incerto, dependendo da auditoria determinada pelo desembargador. Aos acionistas, resta aguardar os próximos acontecimentos dessa trama empresarial.

Via InvestNews

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.