Um novo fóssil descoberto no Rio Grande do Sul revelou detalhes surpreendentes sobre o antecessor dos crocodilos e dinossauros, um carnívoro de 80 centímetros que viveu há 237 milhões de anos. A descoberta, feita por pesquisadores brasileiros, lança luz sobre a biodiversidade das faunas que antecederam a origem dos dinossauros, oferecendo informações valiosas sobre a evolução desses grupos de animais.
Em 2024, o Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia da Universidade Federal de Santa Maria (CAPPA/UFSM) recebeu diversos fósseis doados por Pedro Lucas Porcela Aurélio, médico e entusiasta da paleontologia. A região de São João do Polêsine, onde os fósseis foram encontrados, é conhecida por sua riqueza em fósseis do período triássico, com idades entre 201 e 252 milhões de anos.
Entre os fósseis doados, uma perna de um animal que viveu há 237 milhões de anos chamou a atenção dos pesquisadores. Mesmo sendo apenas um fragmento, o fóssil forneceu informações valiosas. Após a limpeza e preparação do fóssil, o paleontólogo Rodrigo Müller identificou que ele pertencia ao gênero Proterochampsa, um grupo de arcossauros basais.
A análise detalhada das características dos ossos permitiu aos paleontólogos constatar que se tratava de uma nova espécie, batizada de Retymaijychampsa beckerorum. O nome combina termos do grego e do guarani, significando “crocodilo da perna forte”, em referência à robustez dos ossos da perna. O sufixo “beckerorum” homenageia a família Becker, proprietária das terras onde o fóssil foi descoberto.
Essa espécie, com cerca de 80 centímetros de comprimento, era um quadrúpede carnívoro, situado na árvore evolutiva antes das linhagens dos crocodilos e dinossauros. Sua existência remonta a um período em que os continentes ainda estavam unidos, formando a Pangeia. Segundo Müller, a descoberta é crucial para ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade das faunas que precederam os dinossauros.
Além disso, fósseis do membro posterior de proterochampsídeos são raros, especialmente os mais antigos. A nova espécie auxilia no entendimento da evolução do grupo dos Proterochampsidae, tanto que foi possível reconhecer uma subfamília dentro do grupo. A sede do CAPPA em São João do Polêsine (RS) está aberta a visitação gratuita, oferecendo a oportunidade de apreciar dinossauros e outros fósseis da região central do RS.