Dividendos do BB (BBAS3) em xeque: Analistas questionam previsões

Analistas levantam dúvidas sobre os dividendos do BB (BBAS3), impactando as expectativas de investidores e o mercado financeiro.
22/06/2025 às 16:02 | Atualizado há 4 semanas
Dividendos do Banco do Brasil
Banco do Brasil prevê distribuição de 40% a 45% do lucro aos acionistas em 2023. (Imagem/Reprodução: Moneytimes)

No início deste ano, o Banco do Brasil (BBAS3) anunciou a expectativa de distribuir entre 40% e 45% do seu lucro aos acionistas em dividendos do Banco do Brasil. Essa projeção, conhecida como payout, já representava uma mudança em relação ao ano anterior. Contudo, após resultados abaixo do esperado no primeiro trimestre, analistas estão céticos quanto à capacidade do banco de cumprir essa promessa.

A projeção inicial do Banco do Brasil já previa uma margem de tolerância, permitindo o pagamento de menos dividendos do Banco do Brasil em comparação com os 45% pagos no ano anterior. As incertezas no cenário econômico paralisaram as projeções de lucro, custo de risco e margem financeira. No primeiro trimestre, o banco lucrou R$ 7 bilhões, valor inferior aos R$ 9 bilhões esperados pelo mercado.

O Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) também sofreu uma queda, atingindo 16,7%, enquanto a inadimplência e as provisões aumentaram. Esse cenário levou diversas instituições financeiras a revisarem suas estimativas para os dividendos do Banco do Brasil.

O JPMorgan, em um relatório recente, alertou que o payout atual pode se tornar insustentável, considerando o crescimento da carteira e a pressão sobre o capital do banco. A instituição reduziu a expectativa de payout para 30%, visando proteger o capital.

O Itaú BBA também diminuiu as projeções de dividendos do Banco do Brasil, estimando um dividend yield de 6%, abaixo dos níveis recentes, e um payout de 30%, distante da faixa de 40% a 45% do guidance oficial do banco. A própria administração do Banco do Brasil admitiu a possibilidade de reduzir o lucro distribuído.

Em um relatório do Goldman Sachs, após conversas com a administração do banco, o Banco do Brasil indicou que não deseja que o pagamento de dividendos do Banco do Brasil comprometa a expansão da carteira de crédito. A instituição pode reavaliar seu índice de payout atual, dependendo das tendências operacionais.

Apesar das revisões para baixo, os dividendos do Banco do Brasil ainda são vistos como uma opção interessante por algumas instituições. O Banco Safra, por exemplo, recomenda a ação, destacando que a estrutura de funding favorável do banco suporta o ciclo de aperto monetário, e as altas nas taxas de juros devem beneficiar a margem dos depósitos.

O Banco Safra acredita que, mesmo com um cenário mais desafiador para o agronegócio, o ROE do banco deve se manter acima de 20% em 2025, mantendo um bom fluxo de pagamento de dividendos do Banco do Brasil. O dividend yield estimado para o BB é de 11,3%, segundo o Safra.

Régis Chinchila, da Terra Investimentos, avalia que o mercado pode ter reagido de forma exagerada, e o movimento recente nas ações do BB reflete mais um ajuste de percepção do que uma deterioração efetiva dos fundamentos. O aumento da inadimplência, especialmente no crédito rural, está sendo monitorado de perto e não compromete, neste momento, a saúde financeira do banco.

O banco ainda projeta crescimento na carteira de crédito e mantém uma boa geração de resultados recorrentes, mesmo em um cenário de juros altos e volatilidade política. Historicamente, o banco tem demonstrado resiliência em ciclos adversos, e a atual precificação pode estar mais ligada ao medo de curto prazo do que a riscos efetivos de longo prazo.

Por outro lado, o JPMorgan reduziu o preço-alvo de R$ 31 para R$ 28, mantendo a recomendação em neutra. Os analistas alertam que problemas de qualidade dos ativos, especialmente na carteira rural, costumam demorar para serem resolvidos, tornando arriscado apostar em uma recuperação imediata dos dividendos do Banco do Brasil.

Via Money Times

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.