Patrick Soon-Shiong, bilionário da biotecnologia e proprietário do Los Angeles Times, está planejando abrir o capital do jornal, que tem uma história que remonta a 1881. O objetivo é atrair novos investidores e garantir o futuro da publicação. Soon-Shiong expressou seu desejo de democratizar o jornal, permitindo que mais pessoas tenham uma participação nele, em uma entrevista ao The Daily Show. A medida surge em um momento desafiador para os jornais tradicionais, que enfrentam a perda contínua de leitores.
Soon-Shiong adquiriu o Los Angeles Times em 2018 por US$ 500 milhões, através da Nant Capital, sua empresa de investimentos. Durante a entrevista, ele enfatizou a importância de preservar fontes de informação confiáveis e a necessidade de atrair novos parceiros para o jornal. Nascido na África do Sul, onde vivenciou o Apartheid, Soon-Shiong defende a importância da liberdade de imprensa.
Para Soon-Shiong, é crucial que haja truth and trust (verdade e confiança), caso contrário, o país não se recuperará. Apesar dos esforços do empresário, que incluem uma redução de 20% na equipe, o bottom line do jornal continua negativo. No ano passado, o prejuízo foi de cerca de US$ 50 milhões, em comparação com uma perda de US$ 30 milhões em 2023.
Atualmente, o jornal possui cerca de 650 mil assinantes, incluindo assinaturas digitais e impressas. Há 20 anos, a tiragem diária era de aproximadamente 1 milhão de exemplares. O LA Times registrou a maior queda na circulação impressa entre os jornais americanos no ano passado, com uma redução de 25%, resultando em uma média de 79 mil exemplares. Em comparação, os 25 maiores jornais dos EUA tiveram uma queda de 13% na tiragem impressa, após uma queda de 14% em 2023.
Nenhum jornal americano possui uma circulação impressa superior a 500 mil exemplares atualmente. A maior tiragem física é do Wall Street Journal, com uma média diária de pouco mais de 470 mil exemplares. Soon-Shiong não forneceu detalhes sobre a estrutura acionária da empresa após o IPO, mas mencionou os Green Bay Packers como exemplo.
Os Packers são uma corporação sem fins lucrativos com 537 mil acionistas e não possuem um controlador. A equipe emite novas ações periodicamente para levantar recursos. Soon-Shiong fez sua fortuna com o medicamento Abraxane, usado no tratamento do câncer. Ele também é o fundador da NantWorks, um grupo de startups de biotecnologia e inteligência artificial.
A abertura de capital do Jornal na Bolsa pode representar uma nova fase para o Los Angeles Times, buscando fortalecer sua posição no mercado de notícias e atrair investimentos para sustentar suas operações. A iniciativa de Soon-Shiong visa não apenas garantir a sobrevivência do jornal, mas também promover uma maior participação do público na sua gestão.
A decisão de Soon-Shiong de considerar a abertura de capital do Los Angeles Times ocorre em um contexto de desafios para a indústria de jornais impressos. A busca por novas fontes de receita e modelos de negócios sustentáveis tem se tornado uma prioridade para muitas publicações tradicionais. A iniciativa de democratizar a propriedade do jornal pode ser vista como uma tentativa de engajar a comunidade e garantir o apoio contínuo à publicação.
A abertura de capital do Jornal na Bolsa poderia seguir um modelo semelhante ao dos Green Bay Packers, permitindo que um grande número de pessoas se tornem acionistas do jornal. Esse modelo de propriedade distribuída pode ajudar a fortalecer o vínculo entre o jornal e seus leitores, além de fornecer uma fonte adicional de financiamento para a publicação. A experiência de Soon-Shiong no setor de biotecnologia e inteligência artificial pode trazer novas perspectivas e abordagens para o Los Angeles Times, ajudando a impulsionar a inovação e o crescimento.
O futuro do Los Angeles Times e de outras publicações tradicionais pode depender da capacidade de se adaptarem às mudanças no cenário da mídia e de encontrarem novas formas de se conectarem com o público. A iniciativa de Soon-Shiong representa uma tentativa de enfrentar esses desafios de frente, buscando um modelo de negócios que possa garantir a sustentabilidade e a relevância do jornal no longo prazo.
Via Brazil Journal
