Educadores capixabas viajam até a Coreia do Sul para conhecer modelo educacional que é destaque em rankings internacionais

Projeto Missão Educacional, do Sinepe/ES, vai levar uma comitiva de 25 gestores e mantenedores de instituições de ensino capixabas para as melhores escolas e universidades da Coreia do Sul, uma imersão em um dos sistemas de ensino mais admirados do mundo.
09/09/2025 às 14:20 | Atualizado há 7 horas

Educadores capixabas viajam até a Coreia do Sul para conhecer modelo educacional que é destaque em rankings internacionais

Comitiva do Sinepe/ES com 25 gestores irá visitar nove escolas e universidades para acompanhar práticas que colocaram o sistema educacional sul-coreano entre os seis melhores do Pisa

Uma jornada em busca de inspiração e aprendizado começou nesta semana para 25 gestores e diretores capixabas. Eles embarcaram para a Coreia do Sul na 10ª edição da Missão Educacional, realizada pelo Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (Sinepe/ES), e farão uma imersão em um dos sistemas de ensino mais admirados do mundo.

O país asiático é reconhecido pela disciplina, rigor acadêmico, valorização dos professores e uso de metodologias inovadoras. Essas características o levaram a figurar entre as cinco melhores notas globais em Ciências e Leitura, além da sexta colocação em Matemática no Pisa (sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) divulgado em 2023, estudo internacional realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), para avaliar alunos de 80 nações na faixa etária dos 15 anos.

A Missão Educacional busca proporcionar aos educadores uma vivência prática em um modelo que alia disciplina e inovação para proporcionar resultados de excelência. A agenda inclui visitas a escolas de diferentes etapas de ensino, como a Chadwick International School (creche e Ensino Fundamental), o Dulwich College Seoul, a Seoul Science High School (Ensino Médio para superdotados), Unhyun Elementary School (Ensino Fundamental I) e a ChangDeok Girls’ Middle School (Ensino Fundamental II), além da University of Seoul e da Visang Education, referência em tecnologia educacional.

Também estão previstos encontros com especialistas e palestras sobre o funcionamento do sistema coreano, reconhecido como motor do desenvolvimento econômico e social do país, que até 35 anos atrás era mais pobre que o Brasil. Hoje, sua renda é mais de três vezes superior à do Brasil, resultado de um salto econômico fortemente explicado pelo desenvolvimento educacional iniciado décadas antes.

Para o presidente do Sinepe/ES, Moacir Lellis, conhecer esse modelo é essencial para repensar caminhos no Espírito Santo. “Ao acompanhar práticas de países que se destacam em educação, conseguimos enxergar caminhos possíveis para nossas instituições. A Missão é uma forma de abrir horizontes, refletir e trazer para o Espírito Santo ideias que possam ser adaptadas e aplicadas à nossa realidade”.

Já a vice-presidente, Roberta Bonelli, reforçou o caráter transformador da iniciativa. “A Coreia do Sul é hoje uma das maiores referências em ensino no mundo. Por isso, essa Missão é uma oportunidade de aprendizado coletivo para gestores e educadores capixabas, que poderão voltar ainda mais preparados para enfrentar os desafios e impulsionar uma educação com propósito em nosso estado”.

Além das visitas técnicas, os educadores terão atividades culturais em pontos históricos da capital coreana Seul, como o Palácio Changdeok, o Mercado Gwangjang, a Biblioteca Starfield, Palácio Gyeongbokgung, além do Museu Nacional da Coreia, Museu de Matemática e Museu Nacional do Folclore, ampliando a compreensão sobre como a educação coreana se conecta ao desenvolvimento social e econômico do país.

A Missão Educacional 2025, que vai de 8 a 21 de setembro, celebra uma década de intercâmbios promovidos pelo Sinepe/ES. O projeto já levou gestores a centros de excelência como Chile, Portugal, Finlândia, Dinamarca, Singapura, Inglaterra, Polônia, Canadá, Israel, além dos estados brasileiros do Rio Grande do Sul e São Paulo.

“Agora, é a vez de a Coreia do Sul inspirar o Espírito Santo com suas práticas de sucesso e políticas públicas que transformaram a educação em um verdadeiro pilar de crescimento. Estamos ansiosos para seguir aprendendo para levar sempre um ensino de excelência para nossos alunos”, ressaltou Lellis.

Saiba mais:

Missão Educacional 2026

Data: 8 a 21 de setembro

Local: Coreia do Sul

Comitiva: 25 gestores capixabas

Programação: 9 instituições de ensino serão visitadas, encontros com especialistas e palestras sobre o funcionamento do sistema coreano, além de atividades culturais em pontos históricos, como palácios, mercado, biblioteca e museus

Realização: Sinepe/ES

Vagas esgotadas

A Coreia do Sul

Após os investimentos em educação, o país que saiu devastado da Segunda Guerra Mundial e da Guerra das Coreias se transformou em uma das maiores referências globais em ensino. Até 35 anos atrás o país era mais pobre que o Brasil. Hoje, sua renda é mais de três vezes superior à do Brasil, resultado de um salto econômico fortemente explicado pelo desenvolvimento educacional iniciado décadas antes.

A Coreia do Sul é reconhecida pelo rigor acadêmico, disciplina, valorização dos professores e uso de metodologias inovadoras. Essas características o levaram a figurar entre as cinco melhores notas globais em Ciências e Leitura, além da sexta colocação em Matemática no Pisa (sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) divulgado em 2023, estudo internacional realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), para avaliar alunos de 80 nações na faixa etária dos 15 anos.

Enquanto no Brasil o investimento por aluno do ensino superior é quase quatro vezes maior do que no ensino básico, na Coreia a prioridade foi a base. Por lá, gasta-se apenas 1,5 vez mais no ensino superior do que no básico, índice mais equilibrado que a média dos países desenvolvidos (1,7).

Na escola, um estudante coreano estuda cerca de 10 horas e ainda complementa com atividades extraclasses. A educação é obrigatória até os 15 anos. Além disso, o país coreano possui uma das maiores taxas de matriculados no ensino superior do mundo. Mais de 80% dos estudantes concluem o ensino médio e ingressam em universidades, com 47,7% dos adultos entre 25 e 64 anos possuindo graduação universitária.

Diferente da realidade brasileira, onde os salários mais altos estão no ensino superior, os sul-coreanos destinaram os melhores planos de carreira e remunerações à educação básica. A medida atraiu bons profissionais, reduziu a evasão escolar e garantiu que os jovens chegassem ao ensino superior e ao mercado de trabalho com uma base sólida. Atualmente, o índice de abandono escolar na Coreia é praticamente inexistente.

Outro ponto forte do sistema coreano é a gestão baseada em resultados. Grupos externos avaliadores, vinculados às secretarias de educação, monitoram constantemente o desempenho das escolas. Os dados são públicos e servem de base para políticas de incentivo: instituições bem avaliadas recebem bônus, enquanto as que apresentam dificuldades contam com orientação para melhorar. Professores de destaque também são premiados, reforçando o ciclo de valorização da carreira.

Mas os estudantes coreanos também precisam lidar com o estresse educacional e a pressão por desempenho, com elevadas horas de estudos por dia.

Recentemente, a Coreia do Sul proibiu o uso de celular ou outros dispositivos digitais em escolas de todo o país. A intenção é reduzir os efeitos negativos do vício em redes sociais sobre o rendimento acadêmico e a saúde mental. o uso dos dispositivos será permitido para fins educativos, em situações de emergência ou para alunos com necessidades especiais. Diretores e professores terão autonomia para impor as restrições dentro e fora da sala de aula, durante o expediente escolar. A regra começa a valer em março de 2026.

Via: Kelly Kalle

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.