A famosa marca de água mineral Perrier, conhecida como a “champanhe das águas”, está no centro de um novo escândalo político na França. A empresa é acusada de utilizar métodos de purificação que não estão em conformidade com o selo de “água mineral natural”. A situação se agravou após um relatório do Senado indicar que a Nestlé Waters, proprietária da Perrier, teria feito lobby para abafar o caso.
Segundo informações, o governo francês tinha conhecimento desde 2022 de que a Nestlé estaria burlando as regulamentações para manter a classificação de “natural” da água. A semelhança com o caso Watergate americano já está sendo explorada pela mídia internacional, dada a seriedade das acusações.
A distinção da Perrier sempre foi justificada por sua pureza desde a fonte em Vergèze, no sul da França. No entanto, a água tem passado por tratamentos com filtros de carvão ativado e luz ultravioleta, similares aos usados no tratamento de água de torneira. Tais práticas contrariam as normas francesas e da União Europeia para águas minerais naturais.
De acordo com a imprensa francesa, a Nestlé Waters admitiu o uso desses métodos, justificando-os pela necessidade de lidar com “esporádicas contaminações bacterianas ou químicas”, incluindo contaminação fecal. O caso veio à tona através de reportagens do Le Monde e da Radio France, que revelaram que a empresa teria pago 2 milhões de euros para encerrar um processo legal.
O recente relatório do Senado francês trouxe à tona alegações de acobertamento político. O senador Alexandre Ouizille, do Partido Socialista, afirmou ao New York Times que o escândalo é um exemplo de captura de reguladores e conluio entre governo e indústria. O relatório também aponta para encontros entre o ex-secretário-geral do gabinete de Macron, Alexis Kohler, e executivos da Nestlé, embora Macron negue ter conhecimento do caso.
Em resposta, a Nestlé Waters confirmou as conversas com as autoridades, assegurando que seguiu as “regras da ética”. A empresa também declarou que seus produtos são seguros e que sua mineralidade corresponde ao descrito no rótulo.
Um caso similar ocorreu em 2019, envolvendo as marcas Cristaline e Vichy Célestins, da Sources Alma. Na época, a denúncia era de que essas marcas também estariam utilizando tratamentos de purificação, o que foi negado pela empresa. Após essa ocorrência, a Nestlé Waters teria informado as autoridades sobre seus próprios métodos de purificação, resultando em uma transição para a microfiltragem.
Atualmente, a permissão para a Perrier manter a classificação de “água mineral natural” está sob análise. A empresa já recebeu a ordem de suspender o tratamento das águas envasadas.
Via Brazil Journal