As recentes recuperações judiciais no setor de crise no agronegócio não indicam uma crise generalizada, mas sim desafios de gestão em empresas específicas. O setor tem demonstrado resiliência com diversificação de investimentos e especialização no crédito. Essa foi a mensagem principal do evento “Separando o Joio do Trigo – O Futuro do Agronegócio no Brasil” na Expert XP 2025.
Otaciano Neto, produtor de café e sócio da Zera.ag, enfatizou que não há uma crise no agronegócio, e que o setor é um dos mais resilientes da economia. Segundo ele, os problemas são mais focados nos agricultores individualmente do que em uma falha estrutural do setor como um todo.
Paulo Mesquita, gestor de agronegócio da Riza Asset, acredita que a divulgação de recuperações judiciais representativas não deve obscurecer o fato de que a inadimplência no agronegócio é menor do que em outros setores, como o financiamento imobiliário. Ele aponta que a questão não é estrutural, mas sim ligada a produtores específicos, embora reconheça que as margens de 2024 foram afetadas pelos juros altos.
A Riza Asset, com R$ 16 bilhões sob gestão, possui R$ 4 bilhões alocados no agronegócio, incluindo um fundo de terras agrícolas e o primeiro Fiagro da Bolsa brasileira. Gustavo Gomes, da XP Asset, complementa que, se houvesse uma crise no agronegócio sistêmica, empresas como a SLC Agrícola não estariam expandindo por meio de aquisições.
Uma estratégia para atrair investidores é enfatizar a diversificação de culturas, segundo Otaciano Neto. Paulo Mesquita concorda que a diversificação regional é importante, assim como garantias sólidas. Ele destaca que produtores com boa governança, histórico comprovado e capacidade de gerar caixa e patrimônio apresentam menor risco de perda de capital.
Otaciano Neto também mencionou a nova geração de gestores do Agro, que precisam combinar competências técnicas em agronegócio e mercado de capitais, além de habilidades de comunicação para dialogar com os clientes. Ele comparou o futuro do financiamento do Agro a uma “Colcha de Retalhos”, com diversificação de fundos em vez da exclusividade do Plano Safra.
Gustavo Gomes, da XP Asset, mencionou que a preocupação atual é com as taxas de juros, e que todos estão buscando formas de minimizar esse impacto. Paulo Mesquita, da Riza, concordou que os produtores estão adiando grandes investimentos, como infraestrutura e maquinário, devido às condições econômicas.
No cenário atual, a atenção deve se manter na liquidez e na busca por estratégias que atenuem o impacto das taxas de juros elevadas, com foco na diversificação e na gestão eficiente para mitigar os riscos associados à crise no agronegócio.
Via InfoMoney