As emissões de carbono na China, maior poluidor global, apresentam estabilização desde o início de 2024, segundo análise do CREA. Esse movimento marca uma pausa após décadas de crescimento acelerado, trazendo novas perspectivas para o combate às mudanças climáticas.
Embora o consumo de energia elétrica tenha crescido 6,1% no terceiro trimestre de 2025, a expansão das fontes renováveis, como solar, eólica, hidrelétrica e nuclear, supriu a maior parte da demanda adicional. O setor de transportes também reduziu emissões em 5%, impulsionado pela adoção de veículos elétricos.
Apesar dos avanços, o setor químico chinês registrou aumento nas emissões, e fatores econômicos e políticos ainda podem influenciar os níveis futuros. A China reafirma metas ambiciosas para alcançar pico em 2030 e neutralidade em 2060, o que reforça sua importância nas negociações climáticas globais.
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As emissões de carbono na China, que por décadas impulsionaram o aumento global, mostram sinais de estabilização. Uma análise recente indica que, após um longo período de crescimento, as emissões chinesas de CO₂ apresentaram uma pausa, marcando uma mudança importante para o maior emissor mundial. Mas será que essa pausa é estrutural?
O relatório do Centre for Research on Energy and Clean Air (CREA) revela que as emissões de CO₂ da China permaneceram praticamente estáveis no terceiro trimestre de 2025, em comparação com o ano anterior. Essa estabilidade, observada desde março de 2024, traz um novo panorama para as discussões sobre o futuro das emissões globais. Historicamente, a rápida industrialização e o aumento no consumo de energia na China foram os principais motores do crescimento das emissões globais.
Apesar da estabilização nas emissões, o consumo de energia elétrica na China continuou a crescer, registrando um aumento de 6,1% no terceiro trimestre. Esse aumento na demanda por eletricidade, normalmente, levaria a um aumento correspondente no uso de carvão e, consequentemente, nas emissões. No entanto, desta vez, o cenário foi diferente, pois a expansão da geração de energia de baixa emissão de carbono, incluindo solar, eólica, hidrelétrica e nuclear, foi capaz de suprir quase toda a demanda adicional.
O crescimento das fontes renováveis transformou o sistema elétrico chinês. Usinas solares em grande escala e instalações de energia eólica, especialmente offshore, avançaram rapidamente. Além disso, a geração hidrelétrica se recuperou e a capacidade nuclear continuou a crescer. O setor de transportes também contribuiu para essa mudança, com uma queda de 5% nas emissões, impulsionada pela adoção de veículos elétricos, nos quais a China lidera as vendas globais.
A indústria pesada, incluindo os setores de aço e cimento, também registrou uma diminuição nas emissões devido a ganhos de eficiência e à mudança para atividades de construção menos intensivas em carbono. Essas mudanças combinadas indicam que a estabilização das emissões pode ter um impacto real, e não ser apenas resultado de uma economia mais fraca ou de interrupções temporárias.
É importante ressaltar que, embora as emissões totais tenham se estabilizado, o setor químico da China registrou um aumento, compensando parte das reduções em outros setores. Além disso, as emissões chinesas permanecem sujeitas a flutuações econômicas e políticas, com a possibilidade de a China aumentar o uso de carvão em resposta a estímulos econômicos ou tensões nas cadeias de suprimentos. As autoridades chinesas reafirmaram as metas de atingir o pico das emissões de carbono antes de 2030 e alcançar a neutralidade de carbono até 2060.
A China também incluiu o metano e o óxido nitroso em suas metas climáticas, indicando uma abordagem mais abrangente. A ocorrência da COP30 em Belém, onde os negociadores globais discutem a descarbonização, torna este momento ainda mais relevante. A capacidade da China de demonstrar progresso, mantendo o dinamismo econômico, reforça sua posição nas negociações climáticas. Uma delegação chinesa de aproximadamente 1.000 pessoas, incluindo o vice-ministro LI Gao, participa da COP30.
A consolidação desta estabilização como um pico real dependerá de vários fatores. A expansão das energias renováveis, a integração à rede, a fiscalização industrial nos setores de aço, cimento e produtos químicos, a adoção de veículos elétricos e os ciclos de commodities e a demanda externa desempenharão um papel fundamental. Para investidores e formuladores de políticas, as emissões da China continuam sendo um ponto central nas projeções globais de carbono.
Os próximos trimestres serão cruciais para determinar se essa estabilização é uma pausa temporária ou o início de uma mudança definitiva na trajetória das emissões mundiais. O mundo está de olho nas emissões de carbono na China.
Via Forbes Brasil
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