O debate sobre o uso de grama sintética no futebol brasileiro ganhou força após manifestações de jogadores renomados como Neymar e Gabigol, que questionam a qualidade do material para partidas de alto nível e os potenciais riscos de lesões. A discussão levanta importantes questões sobre o futuro dos campos de futebol e o bem-estar dos atletas.
Ao longo dos anos, a utilização de gramados sintéticos tem sido acompanhada de discussões sobre o risco de lesões, mas a área médica ainda não chegou a um consenso. Um estudo de 2023 da revista científica inglesa _The Lancet_ analisou milhares de estudos sobre o tema e concluiu que não há uma ligação direta entre o uso de grama sintética e o aumento de lesões. A publicação apontou, inclusive, que a incidência de problemas físicos pode ser menor em campos artificiais.
Essa informação não elimina os riscos para jogadores que não estão habituados ao piso, pois, segundo o ortopedista Luiz Felipe Carvalho, a superfície sintética pode prender mais o pé do atleta, diminuindo a maleabilidade e aumentando o risco de lesões no joelho. O ideal seria que os clubes promovessem treinos nos dois tipos de gramado para que os atletas se adaptem.
Mesmo sem comprovação científica definitiva, diversos jogadores já se manifestaram contrários à grama sintética. Em 2024, o atacante uruguaio Luis Suárez fez um acordo com o Grêmio para evitar partidas em campos artificiais devido a preocupações com seu joelho. Recentemente, Neymar liderou um movimento de protesto contra os gramados sintéticos, acompanhado por outros jogadores.
Atualmente, alguns estádios da Série A do Brasileirão utilizam grama artificial, como o Allianz Parque (Palmeiras) e o Nilton Santos (Botafogo). A Arena MRV, do Atlético-MG, também planeja implementar o gramado sintético. A Ligga Arena, do Athletico-PR, que utilizou o material na Série A em 2024, foi rebaixada para a segunda divisão.
Diante da crescente discussão e da falta de consenso sobre os impactos da grama sintética no futebol, é fundamental que clubes, jogadores e órgãos competentes continuem a debater o assunto, buscando soluções que garantam a segurança e o desempenho dos atletas, além de promover a evolução do esporte no país.