Pesquisadores encontraram ossos de lobos em uma ilha do Mar Báltico, datados de 3 mil a 5 mil anos atrás. A análise sugere que humanos tinham certo controle sobre esses animais, levando-os para a ilha que não tinha fauna terrestre natural.
A genética mostrou que esses canídeos eram intermediários entre lobos selvagens e cães domesticados, vivendo em relação diferenciada com humanos. A dieta desses lobos incluía proteínas marinhas, indicando dependência de alimentos relacionados às atividades humanas na região.
A baixa diversidade genética indica controle reprodutivo pelos humanos, revelando uma interação complexa e antiga entre humanos e lobos, diferente da domesticação completa dos cães.
Pesquisadores identificaram evidências que indicam que há mais de 3.000 anos, humanos exerciam algum tipo de controle sobre lobos em uma ilha no mar Báltico. A análise de ossos de canídeos, datados entre 3.000 e 5.000 anos, encontrados na caverna Stora Förvar, na ilha de Stora Karlsö, sugere que os lobos foram levados para lá por pessoas. A ilha não possui fauna terrestre natural, reforçando a ideia do transporte intencional.
A sequenciação genética dos ossos revelou que os animais estavam mais próximos dos lobos selvagens do que de cachorros domesticados. Isso destaca uma relação entre humanos e lobos considerada intermediária, nem totalmente selvagem nem completamente domesticada. De acordo com Linus Girdland Flink, da Universidade de Aberdeen, a interação é diferente da convivência típica com cães domésticos.
Além disso, os canídeos apresentavam dieta rica em proteínas marinhas, indicando dependência de comida fornecida ou acessada com auxílio humano, já que o acesso ao alimento marinho seria difícil para lobos e cães sem apoio especializado. A pesca na região sustentava a economia local, o que pode relacionar os animais às atividades humanas.
O estudo também revelou pouca diversidade genética na população desses lobos, possivelmente refletindo um controle reprodutivo pelos humanos. Para o professor Tiago Pedro Ferreira Tomé, da UFMG, isso mostra uma interação prolongada e deliberada entre humanos e lobos, distinta da domesticação já observada em cães há cerca de 17 mil anos.
Essas descobertas convidam a repensar o processo de domesticação animal, sugerindo uma convivência complexa e diversa entre humanos e canídeos selvagens em diferentes contextos históricos.
Via Folha de S.Paulo