Estudo revela que monstros da mitologia grega têm características surpreendentes

Mitologia grega: estudo da USP revela novas perspectivas sobre os monstros! Descubra características surpreendentes e releituras fascinantes. Saiba mais!
17/02/2025 às 16:41 | Atualizado há 4 meses
Mitologia grega
Mitologia grega

A **Mitologia grega** é repleta de histórias fascinantes que moldaram a cultura ocidental, porém, a forma como interpretamos seus monstros pode estar distorcida. Uma recente pesquisa acadêmica da Universidade de São Paulo (USP), realizada pela pesquisadora Camila Aline Zanon, lança uma nova luz sobre essas criaturas, desafiando a tradicional visão de que são puramente “monstruosas”.

O estudo, focado na análise de obras poéticas clássicas como a Teogonia de Hesíodo, o Hino Homérico a Apolo e a Odisseia de Homero, sugere que os termos originais usados para descrever essas entidades, como teras e pelór, carregam um significado mais próximo de “extraordinário” ou “espantoso”, do que de “monstruoso”, como entendemos hoje.

Essa interpretação moderna de “monstro”, segundo a pesquisadora, pode obscurecer a compreensão das nuances culturais e religiosas presentes nas narrativas da Mitologia grega. Zanon destaca que, na antiguidade, esses seres estavam frequentemente associados à esfera divina, não sendo intrinsecamente maléficos. Eles representavam forças da natureza ou aspectos do cosmos, desempenhando papéis importantes na cosmogonia e nas relações entre deuses e homens.

A dificuldade de traduzir conceitos antigos para o contexto moderno também é um ponto crucial levantado pela pesquisa. O termo mythos, por exemplo, que em grego arcaico podia significar simplesmente “algo dito” ou “conversa”, sem qualquer conotação fantasiosa, é frequentemente traduzido como “mito”, o que pode induzir a uma leitura equivocada.

Na Mitologia grega, a pesquisadora exemplifica com os Ciclopes e os Centímanos, criaturas com aparências incomuns, que eram aliados de Zeus na luta contra os Titãs. Ao traduzir suas características físicas como “monstruosas”, corre-se o risco de impor preconceitos modernos sobre personagens que, dentro do contexto da narrativa, desempenham um papel fundamental e positivo.

Para Camila Zanon, a palavra “prodígio” seria uma alternativa mais adequada para traduzir os termos originais, pois ela preserva a ideia de algo fora do comum, sem carregar o peso negativo associado ao termo “monstro” na atualidade. Essa mudança de perspectiva convida a uma releitura das obras clássicas, buscando compreender as motivações e os papéis dessas criaturas dentro de seus respectivos universos culturais.

Ler os clássicos da antiguidade, segundo Zanon, é como “viajar no tempo”, permitindo reconhecer tanto as grandezas quanto os fracassos da história humana. Ao repensar a forma como interpretamos os monstros da **Mitologia grega**, podemos obter novas perspectivas sobre as monstruosidades do presente e, quem sabe, vislumbrar um futuro com menos “monstros”.

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.