Estudos anatômicos de Da Vinci ainda lutam por reconhecimento na medicina moderna

Estudos anatômicos de Da Vinci: descubra como suas precisas ilustrações, apesar de subestimadas, revolucionaram a medicina. Saiba mais!
05/02/2025 às 11:02 | Atualizado há 5 meses
Estudos anatômicos de Da Vinci
Estudos anatômicos de Da Vinci

O legado de Leonardo da Vinci transcende a arte. Apesar de sua fama como pintor, com obras icônicas como a Mona Lisa e a Última Ceia, seus Estudos anatômicos de Da Vinci merecem maior reconhecimento. Um artigo recente da Folha de S. Paulo destaca essa contribuição frequentemente negligenciada à ciência e à medicina.

Da Vinci, nascido em 1452, teve uma educação básica. Filho ilegítimo, foi impedido de seguir a carreira de notário. Essa restrição, ironicamente, o libertou para explorar seus interesses científicos. Sua paixão pela anatomia começou durante seu aprendizado no estúdio de Andrea del Verrocchio, onde a precisão da forma humana era fundamental.

A anatomia, antes de Da Vinci, se baseava principalmente no trabalho de Galeno, médico grego do século II. Galeno usava dissecação animal e estudos em gladiadores feridos. No entanto, suas conclusões sobre anatomia humana, muitas vezes incorretas, devido à ilegalidade das dissecações humanas em sua época, permaneceram como referência por séculos.

O avanço da anatomia só ocorreu no século XIV, com as dissecações sistemáticas de cadáveres humanos. Mondino de Liuzzi, com as primeiras dissecações públicas na Universidade de Bolonha, publicou o primeiro texto moderno de anatomia em 1316. Esses textos, porém, eram basicamente descritivos, sem ilustrações detalhadas.

As habilidades de observação, perspectiva e desenho de Leonardo o diferenciaram. Seus Estudos anatômicos de Da Vinci eram notáveis. Os esboços detalhados de músculos dos braços e do crânio rivalizam com ilustrações em textos médicos atuais. Da Vinci foi o primeiro a descrever detalhadamente a coluna vertebral humana, com suas curvas e vértebras corretamente numeradas.

Além de seus desenhos precisos, Da Vinci também realizou experimentos. Para entender o fluxo sanguíneo nas válvulas aórticas, ele usou o coração de um boi, criando um molde e um modelo de vidro. Bombeando água com sementes, ele observou o fluxo sanguíneo em vórtice. Essa observação, confirmada séculos depois por estudos com corantes, radiografia e ressonância magnética, demonstra a perspicácia de suas investigações.

Apesar de suas contribuições, Leonardo cometeu erros. Provavelmente pela escassez de corpos para estudo, e pela influência de Galeno e Avicena, suas observações sobre o sistema reprodutor, por exemplo, continham imprecisões. Apesar dessas falhas, ele descreveu corretamente a posição fetal no útero e a anatomia do cordão umbilical. Ele também identificou corretamente a causa das ereções penianas.

A inquietação e a desorganização que marcam suas anotações podem sugerir Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), explicando sua imensa criatividade. Apesar de suas limitações, seus Estudos anatômicos de Da Vinci foram revolucionários para a época, demonstrando um avanço significativo na compreensão da anatomia humana, séculos antes de seu devido reconhecimento.

Seu projeto de um livro de anatomia, em colaboração com Marc’Antonio della Torre, ficou incompleto devido à morte de seu parceiro em 1511. Da Vinci faleceu em 1519. Embora seus trabalhos artísticos sejam mundialmente celebrados, a importância de seus Estudos anatômicos de Da Vinci para a ciência continua subestimada e requer maior reconhecimento.

Via Folha de S.Paulo

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