Uma pesquisa recente sugere que a Poluição por chumbo na Grécia pode ser muito mais antiga do que se imaginava. Cientistas encontraram evidências de contaminação por chumbo em amostras de solo datadas de 5.200 anos atrás, um período anterior em mais de mil anos ao que se conhecia previamente.
A descoberta veio da análise de rochas sedimentares, verdadeiros registros históricos do ambiente. Estas rochas, formadas por camadas de solo e sedimentos acumulados ao longo do tempo, fornecem informações detalhadas sobre o ecossistema de épocas passadas. Geólogos e outros especialistas analisam essas camadas para estudar a composição química e física de elementos presentes em diferentes eras.
Duas amostras foram essenciais para essa descoberta: uma do Mar Egeu, no leste do Mediterrâneo, e outra de uma turfeira em Tenaghi Philippon, no nordeste da Grécia. Turfeiras, áreas úmidas onde a matéria vegetal se decompõe parcialmente, acumulam materiais por milhares de anos, criando um registro ambiental detalhado.
A análise de núcleos de turfa revelou a presença de chumbo. A datação por radiocarbono confirmou que os sinais mais antigos de contaminação datam de 5.200 anos. A turfeira de Tenaghi Philippon, em particular, se mostrou uma fonte confiável de informação, pois recebe pouquíssimo material de rios, preservando os sinais atmosféricos.
Embora a contaminação mais antiga tenha sido datada há 5.200 anos, a pesquisa indica um aumento significativo na intensidade da poluição por chumbo cerca de 2.150 anos atrás. Este período coincide com a expansão do Império Romano para a Grécia, levando a um aumento na mineração de metais, incluindo a extração de ouro e prata, que produzia chumbo como subproduto.
A expansão romana resultou em maior atividade agrícola e desmatamento, amplificando os impactos ambientais para além das áreas habitadas. A exploração intensificada das minas gregas, visando ouro, prata e outros metais, contribuiu para um aumento sem precedentes na liberação de chumbo no ambiente.
Na época, o chumbo era utilizado em diversos objetos: utensílios domésticos, remédios, cosméticos e até brinquedos. A produção em larga escala nas minas e fundições de chumbo gerava impactos na saúde da população. O chumbo afeta principalmente o sistema nervoso e os rins, com casos graves podendo levar à morte. A exposição prolongada também causa efeitos a longo prazo.
Um estudo separado, publicado no início do ano (link para o estudo), sugere que a intensa poluição por chumbo durante o Império Romano pode ter reduzido o QI da população em 2 a 3 pontos. Embora essa redução possa parecer pequena, seu impacto em toda a população, ao longo dos quase 180 anos da Pax Romana, é significativo. A relação entre poluição por chumbo e impactos históricos é um tópico que requer mais pesquisa.