Previsões de crescimento para a economia brasileira indicam um cenário positivo no primeiro semestre, especialmente impulsionado pelo agronegócio. Esse dado será revelado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no dia 30, às 9h. Analistas estimam um aumento entre 1,2% e 1,7% em comparação ao trimestre anterior. O último período do ano passado registrou uma modesta desaceleração de 0,2%.
Os dados anteriores mostram que os indicadores da atividade econômica surpreenderam positivamente nos três primeiros meses de 2023, sinalizando uma resiliência notável na economia nacional. Expectativas apontam que o primeiro semestre deste ano deve ser mais robusto que o segundo, seguindo a tendência observada em anos anteriores. O Boletim Focus, por exemplo, ajustou a projeção do PIB para 2025 para 2,14%, um aumento em comparação com a previsão inicial de 2,02%.
De acordo com um relatório do BTG Pactual, assinado por uma equipe de economistas, espera-se que a economia brasileira apresente um crescimento de 1,6% só no primeiro trimestre, além de um aumento de 3,1% se considerado o ano completo. Os especialistas enfatizam que esse desempenho é sustentado pela força do mercado de trabalho. Antonio Ricciardi, economista do banco Daycoval, prevê um crescimento de 1,7% no período, com uma alta anual de 3,2% em grande parte devido ao agronegócio, que deve crescer cerca de 11%.
O otimismo se estende a outros setores, que também são esperados para apresentar um resultado acelerado. O consumo das famílias está se mostrando mais forte, impulsionado por uma taxa de desemprego de 6,6% no trimestre encerrado em abril. Este número fica abaixo das expectativas do mercado. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) também mostrou um aumento de 7,4% em novas contratações, com a criação de 257 mil novos empregos, superando as estimativas.
O relatório do Banco Pine projeta um crescimento de 1,7% no primeiro trimestre e 3,3% ano a ano. Eles prevêem que o PIB agropecuário cresça 14,3%, respaldado por melhores níveis de produção e produtividade. Para os setores industrial e de serviços, as expectativas são altas de 0,1% e 1,4%, respectivamente. Quanto ao consumo das famílias, espera-se um aumento de 0,8%, e os investimentos devem crescer 1,5%.
Para o segundo trimestre, as previsões indicam um crescimento mais modesto de 0,5%, com perspectivas de um desempenho abaixo do esperado no segundo semestre, devido a condições financeiras mais restritivas. O Banco Pine mantém sua projeção de crescimento do PIB em 2,4% para 2025, destacando o agronegócio como um motor central do crescimento.
Os juros elevados, que permanecem em 14,75%, podem restringir o crescimento econômico ao longo do ano. Eduardo Grübler, da Warren AMW, destaca que os resultados do primeiro trimestre devem ser melhores do que as expectativas, com ênfase no setor de serviços e na força do mercado de trabalho. Entretanto, a alta da inflação, prevista em cerca de 5% para 2025, sugere a continuação da política de juros altos, que pode desacelerar a economia.
De acordo com Rafaela Vitória, economista-chefe do banco Inter, o cenário macroeconômico indica uma desaceleração para o segundo semestre, influenciada pelo aperto no crédito e pela inflação elevada. Ela aponta que a percepção do PIB pode ser negativa devido à dependência do setor agrícola da demanda externa, além da confiança moderada de famílias e empresas. Isso confirma a necessidade de uma abordagem de planejamento mais sustentável na economia brasileira.
Via EXAME
