A Conferência das Partes (COP) é um evento anual da ONU que reúne líderes e especialistas para discutir e definir ações climáticas. A edição de 2025, a COP30, que será realizada em Belém, no Pará, já está no radar do setor empresarial brasileiro. Uma pesquisa recente da Amcham Brasil revelou que 71% das empresas participantes estão implementando práticas ESG, demonstrando um engajamento crescente com a agenda de sustentabilidade. Mas, afinal, o que esperar da COP30?
O estudo “Panorama ESG 2024” da Amcham Brasil, que envolveu 687 executivos de médias e grandes empresas, mostra que a adesão à agenda ESG ganhou força no último ano. Essas empresas, que juntas somam um faturamento anual de R$ 756 bilhões e empregam 651 mil pessoas, estão cada vez mais conscientes da importância de práticas sustentáveis. O lançamento da pesquisa ocorreu durante o Fórum ESG em São Paulo, reunindo cerca de 3 mil líderes empresariais.
De acordo com a pesquisa, 71% das empresas já estão implementando práticas ligadas aos pilares ambiental, social e de governança, um aumento de 24 pontos percentuais em relação ao ano anterior. Desse total, 45% estão na fase inicial de adoção e 26% em um estágio mais avançado. Esses dados refletem uma mudança na percepção do setor privado sobre a sustentabilidade.
Segundo Abrão Neto, CEO da Amcham, os números mostram que as empresas brasileiras estão cada vez mais convencidas da importância da agenda ESG, mas ainda há um longo caminho a percorrer. Os principais fatores que impulsionam a adoção de práticas ESG são o impacto positivo no meio ambiente e na sociedade (78%), a valorização da reputação (77%) e o fortalecimento das relações com os stakeholders (63%). A dimensão social é vista como prioridade por 72% das empresas, seguida por governança (68%) e questões ambientais (66%).
O que esperar da COP30 em relação aos desafios? A dificuldade em mensurar resultados é o maior obstáculo para 40% dos entrevistados. Outros desafios incluem a falta de uma cultura corporativa voltada à sustentabilidade (32%) e a limitação de recursos financeiros ou metodologias adequadas (30%). A pesquisa também destaca que a liderança da agenda ESG deve partir dos CEOs, com o apoio do governo.
As empresas esperam que o poder público incentive a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis (77%) e estimule fontes renováveis de energia (66%). Ampliar o acesso a financiamento sustentável (59%), fomentar a economia circular (59%), preservar florestas (58%) e estruturar um mercado regulado de carbono (52%) também são prioridades. A Amcham tem defendido propostas legislativas voltadas ao desenvolvimento sustentável, incluindo o incentivo ao combustível sustentável de aviação e ao hidrogênio limpo.
A capacitação de líderes e colaboradores (56%), a incorporação do ESG à estratégia de negócios (48%) e a previsão de orçamentos específicos (47%) são considerados pontos críticos para que a agenda ESG ganhe tração e gere um impacto real.
A COP30 em Belém surge como um catalisador para fortalecer a agenda ESG no Brasil. Com o setor empresarial cada vez mais engajado e consciente da importância da sustentabilidade, o que esperar da COP30 é que o evento impulsione a bioeconomia, a transição para modelos produtivos mais sustentáveis e o combate ao desperdício de alimentos. Além disso, espera-se que a conferência promova a energia limpa como vetor econômico e impulsione o empreendedorismo na Amazônia, criando um legado de inclusão e crescimento sustentável para a região.
Via Forbes Brasil