A China tem se destacado na guerra comercial global com uma estratégia inovadora: a implementação massiva de fábricas com robôs e inteligência artificial. Essa abordagem está transformando a manufatura no país, permitindo que mantenha a competitividade mesmo diante das tarifas impostas por outros países. A automação nas fábricas chinesas tem se mostrado um motor crucial para a economia nacional.
A automação está se expandindo rapidamente nas fábricas chinesas, onde engenheiros e eletricistas supervisionam exércitos de robôs. Essa modernização não só diminui os custos de produção, mas também eleva a qualidade dos produtos. O resultado é que as exportações chinesas permanecem competitivas, superando as barreiras comerciais impostas por nações como Estados Unidos e membros da União Europeia.
Atualmente, a China lidera em automação industrial, superando países como Estados Unidos, Alemanha e Japão. A densidade de robôs industriais por dez mil trabalhadores é notavelmente alta, ficando atrás apenas de Coreia do Sul e Cingapura, de acordo com dados da Federação Internacional de Robótica.
A estratégia de automação é impulsionada por políticas governamentais e investimentos significativos. Substituindo a mão de obra humana por robôs, a China busca manter sua posição dominante na produção em larga escala. Isso é ainda mais importante diante do envelhecimento da população e da diminuição do interesse por empregos no setor industrial.
Empresas de todos os portes estão adotando a automação. Elon Li, que opera um ateliê de churrasqueiras e fornos com 11 funcionários em Guangzhou, está investindo em um braço robótico de US$ 40 mil equipado com câmera e IA. Esse robô imita soldagens humanas com mínima intervenção. Há poucos anos, um sistema similar custaria US$ 140 mil e só estaria disponível através de empresas estrangeiras.
Grandes corporações também aumentaram seus investimentos. A fábrica da Zeekr, uma montadora de veículos elétricos em Ningbo, aumentou seu quadro de robôs de 500 para 820 em apenas quatro anos. Carrinhos automatizados transportam materiais, e braços robóticos realizam soldagens complexas em ambientes de produção totalmente automatizados, operando até mesmo sem iluminação.
Apesar do domínio dos robôs nas linhas de produção, a presença humana ainda é necessária para tarefas como controle de qualidade e instalação de componentes delicados. No entanto, até essas etapas estão sendo automatizadas com o uso de IA. Sistemas de câmeras inspecionam produtos e identificam falhas em segundos.
Além da montagem, a IA auxilia no design de veículos. Carrie Li, designer da Zeekr em Xangai, utiliza inteligência artificial para otimizar o design interno dos carros, liberando tempo para focar em tendências de moda.
Apesar de fábricas americanas também utilizarem automação, muitos dos equipamentos vêm da China. O crescimento das montadoras no país impulsionou a indústria local de automação. Empresas chinesas adquiriram fornecedores de robótica estrangeiros e transferiram suas operações para a China.
O plano “Made in China 2025” é um motor essencial para a automação acelerada. Lançado há uma década, o plano visa liderar dez setores estratégicos, incluindo a robótica. O governo chinês incentiva a adoção de robôs humanoides e investe pesadamente em robótica, IA e outras tecnologias.
O governo de Pequim realizou uma meia maratona com corredores humanos e robôs humanoides para demonstrar os avanços na área. Bancos estatais aumentaram os empréstimos para empresas industriais, financiando a modernização e expansão das fábricas. Universidades chinesas formam um grande número de engenheiros, superando os Estados Unidos.
A crescente automação gera preocupações entre os trabalhadores chineses. Geng Yuanjie, operador de empilhadeira na Zeekr, teme perder o emprego para os robôs. A falta de sindicatos independentes e o controle do Partido Comunista na China minimizam a resistência à automação. A crise demográfica, com a queda nas taxas de natalidade e o aumento do ingresso em universidades, também impulsiona a necessidade de automação para manter a produtividade.
A China continua a investir fortemente em automação para manter sua competitividade global. A adoção de fábricas com robôs e inteligência artificial é uma estratégia crucial para enfrentar os desafios econômicos e demográficos, consolidando sua posição como líder na manufatura mundial.
Via InfoMoney