Fusões e aquisições registram menor volume em 20 anos após ‘Dia da Libertação’

Após o 'Dia da Libertação', fusões e aquisições atingem o menor nível em duas décadas. Saiba os motivos por trás dessa queda.
06/05/2025 às 10:47 | Atualizado há 2 dias
Fusão e aquisição
Empresas reduziram fusões após guerra comercial de Trump. (Imagem/Reprodução: Infomoney)

Após um período de aquecimento no mercado global, o setor de fusão e aquisição (M&A) esfriou drasticamente. Executivos de bancos de investimento e CEOs reduziram drasticamente o ritmo de negociações. O principal gatilho para essa mudança foi o início de uma guerra comercial global pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A retração foi tão intensa que o número de acordos chegou a níveis inferiores aos registrados durante a pandemia de Covid-19 e a crise financeira de 2008.

Os dados compilados pela Dealogic revelam um cenário preocupante. Em abril, a quantidade de contratos de fusões e aquisições assinados globalmente atingiu o ponto mais baixo em 20 anos, retrocedendo aos números de fevereiro de 2005. Nos Estados Unidos, o maior mercado de M&A do mundo, foram registrados apenas 555 acordos no mês passado, marcando o menor volume mensal desde maio de 2009.

A imposição de tarifas por Trump, que muitos chamaram de “Dia da Libertação”, desencadeou uma série de reações negativas. Os mercados globais entraram em declínio, CEOs de empresas como Chime e StubHub cancelaram seus IPOs planejados, e outras nações adotaram medidas retaliatórias, aumentando a instabilidade econômica.

Diante desse quadro de incerteza, executivos de bancos de investimento, que dependem de taxas e bônus provenientes de M&As e IPOs, aconselharam seus clientes a adiar tais operações até que houvesse maior clareza e consistência na política econômica dos EUA. Lorenzo Paoletti, diretor-gerente de banco de investimento da Truist Securities, expressou essa cautela, recomendando que as empresas mantivessem dinheiro em caixa até que o impacto das tarifas fosse melhor compreendido.

Apesar da retração geral, alguns grandes negócios foram concretizados em abril, como a aquisição de uma empresa de processamento de cartões e serviços de contas pela Global Payments por US$ 24,25 bilhões. No entanto, esses acordos não foram suficientes para compensar a queda acentuada na atividade global de fusão e aquisição, que atingiu US$ 243 bilhões, cerca de 54% abaixo de março e 20% inferior à média mensal dos últimos 20 anos.

Kristin Pothier, líder de estratégia e consultoria de negócios globais na KPMG, observou que a guerra comercial retaliatória desencadeou uma reação em cadeia em toda a diligência que está sendo feita. A analista Lisa Shalett, do Morgan Stanley, destacou que a volatilidade do mercado atingiu níveis históricos em abril, impulsionada pelas declarações da Casa Branca sobre política tarifária.

No entanto, nem todos os setores foram igualmente afetados. Kevin Cox, chefe global de M&A do Citi, apontou que as áreas de telecomunicações, mídia, serviços, petróleo e gás, e serviços de utilidade pública mostraram-se menos sensíveis às tarifas. Por outro lado, setores como indústria, saúde e tecnologia estão enfrentando mudanças significativas em seus modelos de negócios devido aos anúncios de tarifas.

Diante desse cenário, a equipe de Cox está orientando os clientes a dedicarem tempo para entender os riscos adicionais do modelo de negócios de um alvo e seus retornos esperados. O banco assessorou a Boeing na venda, em 22 de abril, da subsidiária de software de voo Jeppesen para a Thoma Bravo por US$ 10,6 bilhões, em um acordo considerado de tecnologia. Cox ressaltou que a volatilidade impacta as transações, exigindo que os compradores precifiquem esse risco adicional ou recuem e aguardem que a situação se torne mais clara.

Via InfoMoney

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.