Recentes ações do governo Trump geraram preocupações sobre o Fim da Big Science americana. Uma declaração atribuída a um especialista em medicamentos, comparando a reeleição de Trump ao pior ato de autodestruição desde a Guerra Civil, ilustra a gravidade da situação. O especialista, Derek Lowe, em seu blog na *Science*, discute o impacto das medidas no ecossistema de pesquisa e inovação dos EUA.
Lowe, apesar de sua especialização em biologia molecular, possui profundo conhecimento da pesquisa americana. Ele destaca o congelamento de verbas federais para pesquisa, afetando diretamente o NIH (Institutos Nacionais de Saúde) e a NSF (Fundação Nacional de Ciência). Esses cortes representam um orçamento anual de US$ 55 bilhões, valor consideravelmente alto.
Embora o setor privado americano tenha forte atuação em P&D, áreas inovadoras e de alto risco dependem fortemente de financiamento público federal. Este financiamento é crucial para a manutenção da liderança americana em pesquisa global. A suspensão abrupta ameaça a continuidade de pesquisas, compra de insumos e pagamento de bolsas de estudo para pós-graduandos.
Funcionários dessas instituições receberam um comunicado sugerindo a busca por empregos na iniciativa privada. A NSF chegou a discutir a demissão de metade de sua equipe. Para Lowe, essas ações evidenciam uma ideologia de Estado mínimo e eficiência, que pode prejudicar irreversivelmente o prestígio dos EUA na área de pesquisa.
A situação atual encontra-se em um impasse legal, com liminares impedindo o cumprimento imediato da ordem de congelamento. No entanto, a incerteza sobre o futuro do financiamento público permanece. As consequências para a pesquisa científica americana ainda são imprevisíveis.
Via Folha de S.Paulo