Gary Bolles, especialista em futuro do trabalho, levanta alertas sobre a chamada Bolha da IA. Em evento recente, ele discutiu os impactos da inteligência artificial e a forma como o marketing desta tecnologia tem sido apresentado.
Com décadas de experiência no Vale do Silício, Bolles observa que o termo ‘inteligência artificial’ é mais uma construção de marketing do que uma realidade. Ele dá ênfase aos riscos de superestimar as capacidades da IA, citando casos em que profissionais no uso desses sistemas podem acabar disseminando informações falsas.
Bolles também critica o modelo de negócios atual em torno da IA, sinalizando que a sustentabilidade a longo prazo está em questão. Ele defende que o futuro exigirá uma educação robusta e um envolvimento crítico para que os humanos não sejam deixados de lado enquanto a IA continua a evoluir.
Gary Bolles, especialista em futuro do trabalho da Singularity University, com décadas de experiência no Vale do Silício, levanta questões importantes sobre a chamada Bolha da IA. Em sua trajetória, Bolles testemunhou diversas ondas tecnológicas e, durante o IT Forum Praia da Forte, compartilhou uma perspectiva crítica sobre o marketing em torno da inteligência artificial e seus possíveis impactos.
Bolles, que acompanhou de perto a evolução tecnológica desde os anos 1980, vivenciou o boom do Vale do Silício e o nascimento de diversas startups. Essa experiência o levou a questionar a linguagem utilizada para promover novas tecnologias, incluindo a Bolha da IA. Para ele, o termo “inteligência artificial” é mais uma construção mercadológica do que uma representação precisa da realidade.
O especialista usa o exemplo dos chatbots para ilustrar como a tecnologia imita processos humanos para persuadir e criar uma sensação de necessidade. Ele alerta sobre o risco de superestimar a IA e transferir o poder de decisão para empresas de tecnologia. Segundo Bolles, é crucial equilibrar o uso dessas ferramentas com uma compreensão clara de suas capacidades e limitações.
Bolles enfatiza que a IA deve ser vista como um conjunto de processos para resolver problemas específicos, não como uma entidade independente capaz de substituir o pensamento humano. Ele adverte sobre os perigos de usar a IA sem conhecimento prévio, citando casos de advogados que usaram o ChatGPT para gerar petições com informações falsas. Para ele, a tendência da IA de “alucinar” ou inventar respostas é um reflexo de um viés humano inerente à sua programação.
Embora reconheça os investimentos massivos em IA, Bolles questiona a sustentabilidade desse modelo. Ele traça paralelos com outros ciclos de hype tecnológico, alertando que a Bolha da IA pode estourar se o mercado não recompensar adequadamente as empresas que a desenvolvem. Ele adverte sobre a dependência de grandes empresas de tecnologia, que podem aumentar os preços e controlar o acesso à tecnologia.
Olhando para o futuro, Bolles acredita que o papel dos humanos será crucial na resolução de problemas e na adaptação às mudanças tecnológicas. Ele rejeita a ideia de que a IA tornará os humanos obsoletos, argumentando que a cocriação e o pensamento crítico são essenciais para construir um mundo melhor. Ele incentiva o Sul Global, incluindo o Brasil, a digitalizar suas informações e investir em educação para desenvolver suas próprias soluções de IA.
Por fim, Bolles aborda o impacto ambiental da tecnologia, instando as empresas a serem transparentes sobre o consumo de recursos naturais da IA. Ele critica o modelo de escalonamento da IA generativa e defende o investimento em alternativas mais sustentáveis.
Via Forbes Brasil