A alta nos preços de energia e a incerteza sobre os níveis de reservatórios de hidrelétricas em 2024 geraram preocupação entre as comercializadoras do mercado livre. A Gestão de riscos energia tornou-se prioridade no setor.
No segundo semestre de 2024, os preços dispararam devido à crise hídrica. Apesar do período chuvoso, os valores se mantiveram elevados, pois as chuvas foram insuficientes para garantir a segurança do sistema elétrico. Essa situação gerou grande instabilidade no mercado, especialmente com notícias sobre a Gold Energia, que enfrentou risco de default. A empresa, contudo, conseguiu renegociar contratos e evitar uma crise maior.
A Gestão de riscos energia, assim como no mercado financeiro, prevê cenários e controla a alocação de recursos. Comercializadoras utilizam ferramentas como o value at risk (VaR) para otimizar investimentos. Entretanto, o sócio da Armor Energia, Fred Menezes, sugere o uso de stress test para uma análise mais completa de cenários de crise, desvalorização de ativos e eventos geopolíticos. O stress test avalia a resiliência de instituições e carteiras de investimento.
Menezes acredita que as comercializadoras precisam aprimorar suas análises para se proteger da volatilidade do mercado livre de energia. Ele considera positivos os aprimoramentos regulatórios recentes, como a exigência de patrimônio líquido mínimo para comercializadoras e a divulgação do fator de alavancagem. Ainda assim, defende maior transparência para fortalecer a segurança do mercado. Ele sugere um sistema de aportes de garantia proporcional ao volume negociado.
Para Bruna de Barros Correa, advogada da BMA Advogados, consumidores que migram para o mercado livre precisam entender a dinâmica das negociações e os riscos envolvidos. É fundamental compreender as diferenças entre comercializadoras e distribuidoras. No mercado regulado, o consumidor tem mais segurança, mas fica preso a uma tarifa fixa. O mercado livre oferece a possibilidade de otimizar custos e adotar políticas de sustentabilidade, porém com riscos inerentes.
A resolução 1.081/2023 da Aneel permitiu que distribuidoras assumam operações de clientes adimplentes com fornecimento suspenso no mercado livre. Com a abertura do mercado para consumidores de baixa tensão, será necessária uma discussão ampla sobre regulação e alterações legislativas para garantir a segurança no setor e a continuidade do fornecimento de energia. A Gestão de riscos energia precisa ser cada vez mais precisa e abrangente.
Via InfoMoney