Gestores que superaram a Bolsa com small caps em 2023

Veja como alguns gestores se destacaram na Bolsa com small caps enquanto outras caíram.
30/06/2025 às 20:17 | Atualizado há 4 semanas
Fundos de small caps
Short em small caps e long em dividendos: a estratégia da Organon para o sucesso. (Imagem/Reprodução: Braziljournal)

Em um cenário desafiador para os fundos de ações, onde a maioria não conseguiu superar o Ibovespa, as gestoras Tarpon e Organon se destacaram. Elas obtiveram retornos expressivos investindo em papéis de empresas com menor capitalização, as chamadas **Fundos de *small caps***, que geralmente ficam fora do radar dos grandes investidores.

Os fundos Tarpon GT e Organon apresentaram rendimentos de 270% e 307%, respectivamente, nos últimos cinco anos até maio. Para efeito de comparação, o Ibovespa e o CDI tiveram alta de 57% no mesmo período.

De acordo com um levantamento da consultoria Outliers, esses foram os maiores retornos entre os fundos de ações long only. Esses dados excluem carteiras exclusivas e outras estratégias de Bolsa, como long biased.

Além de investirem em ações menos negociadas, as gestoras Tarpon e Organon adotam uma estratégia de concentrar a carteira em poucos papéis. Essa abordagem é considerada arriscada, mas pode potencializar os retornos quando bem-sucedida.

Raphael Maia, fundador e CIO da Organon, comentou ao Brazil Journal que a gestora busca empresas subavaliadas que são negligenciadas pelos grandes fundos, muitas vezes por razões específicas. Em 2021, a Ferbasa impulsionou o retorno do Organon. Nos anos seguintes, Tupy, Valid e Marcopolo também contribuíram significativamente.

Ainda sobre Fundos de small caps, em 2024, a Tupy impactou negativamente o rendimento devido a problemas de governança. A ação sofreu uma queda de 22% no último ano, levando a Organon a reduzir sua posição devido a riscos de execução. Atualmente, metade da carteira do fundo está alocada em cinco ações: Anima, Iguatemi, Iochpe-Maxion, Valid e OceanPact.

Grandes investidores frequentemente ignoram essas empresas menores, pois um fundo com bilhões de reais em ativos sob gestão (AUM) dificilmente conseguiria montar posições que fizessem diferença no retorno. A Organon, com um patrimônio de R$ 700 milhões, não enfrenta essa limitação.

Um analista de fundos destacou que a Organon soube explorar sua expertise para obter ganhos ao adotar uma estratégia oposta à tendência do mercado. A dúvida em relação à gestora reside na sustentabilidade dessa estratégia caso o patrimônio continue a crescer.

A Tarpon, por sua vez, é uma gestora maior, com R$ 3,5 bilhões em ativos. Sua estratégia de ações se beneficia tanto da valorização das ações em carteira quanto da distribuição de dividendos. A maior posição do fundo é a Fras-le, representando cerca de 30% do patrimônio.

Desde 2019, quando a Tarpon começou a investir na Fras-le, o EBITDA anual da empresa aumentou de R$ 190 milhões para R$ 730 milhões, e a receita mais que dobrou. Isso foi impulsionado por uma estratégia de aquisições bem-sucedida em diversos países. As ações da Fras-le valorizaram 415% em cinco anos, com um aumento expressivo de R$ 9 para R$ 27 a partir de 2023.

A Tarpon GT também possui ações da Lavvi, uma incorporadora do grupo Cyrela. O fundo investiu na empresa em 2021, após um IPO desafiador e uma queda de quase 50% nas ações. Desde então, o valor das ações mais que dobrou, e o ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido) passou de 15% para 25%.

O principal risco da estratégia adotada pelas duas gestoras reside na concentração da carteira, que pode amplificar tanto os ganhos quanto as perdas. A Tarpon já enfrentou essa situação no passado, quando chegou a ter 60% de seu patrimônio alocado na BRF.

Raphael Maia enfatiza que a Organon concentra a carteira de forma equilibrada, buscando evitar grandes volatilidades. Ele reconhece que as boas oportunidades são raras, tornando desafiador encontrar um grande número de investimentos promissores.

Via Brazil Journal

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.