Em um cenário desafiador para os fundos de ações, onde a maioria não conseguiu superar o Ibovespa, as gestoras Tarpon e Organon se destacaram. Elas obtiveram retornos expressivos investindo em papéis de empresas com menor capitalização, as chamadas **Fundos de *small caps***, que geralmente ficam fora do radar dos grandes investidores.
Os fundos Tarpon GT e Organon apresentaram rendimentos de 270% e 307%, respectivamente, nos últimos cinco anos até maio. Para efeito de comparação, o Ibovespa e o CDI tiveram alta de 57% no mesmo período.
De acordo com um levantamento da consultoria Outliers, esses foram os maiores retornos entre os fundos de ações long only. Esses dados excluem carteiras exclusivas e outras estratégias de Bolsa, como long biased.
Além de investirem em ações menos negociadas, as gestoras Tarpon e Organon adotam uma estratégia de concentrar a carteira em poucos papéis. Essa abordagem é considerada arriscada, mas pode potencializar os retornos quando bem-sucedida.
Raphael Maia, fundador e CIO da Organon, comentou ao Brazil Journal que a gestora busca empresas subavaliadas que são negligenciadas pelos grandes fundos, muitas vezes por razões específicas. Em 2021, a Ferbasa impulsionou o retorno do Organon. Nos anos seguintes, Tupy, Valid e Marcopolo também contribuíram significativamente.
Ainda sobre Fundos de small caps, em 2024, a Tupy impactou negativamente o rendimento devido a problemas de governança. A ação sofreu uma queda de 22% no último ano, levando a Organon a reduzir sua posição devido a riscos de execução. Atualmente, metade da carteira do fundo está alocada em cinco ações: Anima, Iguatemi, Iochpe-Maxion, Valid e OceanPact.
Grandes investidores frequentemente ignoram essas empresas menores, pois um fundo com bilhões de reais em ativos sob gestão (AUM) dificilmente conseguiria montar posições que fizessem diferença no retorno. A Organon, com um patrimônio de R$ 700 milhões, não enfrenta essa limitação.
Um analista de fundos destacou que a Organon soube explorar sua expertise para obter ganhos ao adotar uma estratégia oposta à tendência do mercado. A dúvida em relação à gestora reside na sustentabilidade dessa estratégia caso o patrimônio continue a crescer.
A Tarpon, por sua vez, é uma gestora maior, com R$ 3,5 bilhões em ativos. Sua estratégia de ações se beneficia tanto da valorização das ações em carteira quanto da distribuição de dividendos. A maior posição do fundo é a Fras-le, representando cerca de 30% do patrimônio.
Desde 2019, quando a Tarpon começou a investir na Fras-le, o EBITDA anual da empresa aumentou de R$ 190 milhões para R$ 730 milhões, e a receita mais que dobrou. Isso foi impulsionado por uma estratégia de aquisições bem-sucedida em diversos países. As ações da Fras-le valorizaram 415% em cinco anos, com um aumento expressivo de R$ 9 para R$ 27 a partir de 2023.
A Tarpon GT também possui ações da Lavvi, uma incorporadora do grupo Cyrela. O fundo investiu na empresa em 2021, após um IPO desafiador e uma queda de quase 50% nas ações. Desde então, o valor das ações mais que dobrou, e o ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido) passou de 15% para 25%.
O principal risco da estratégia adotada pelas duas gestoras reside na concentração da carteira, que pode amplificar tanto os ganhos quanto as perdas. A Tarpon já enfrentou essa situação no passado, quando chegou a ter 60% de seu patrimônio alocado na BRF.
Raphael Maia enfatiza que a Organon concentra a carteira de forma equilibrada, buscando evitar grandes volatilidades. Ele reconhece que as boas oportunidades são raras, tornando desafiador encontrar um grande número de investimentos promissores.
Via Brazil Journal