O Goldman Sachs emitiu um alerta sobre a Economia brasileira, destacando que ela se encontra “fora de sincronia”. Em um relatório divulgado, o banco ressalta a necessidade de um ajuste fiscal permanente para evitar desequilíbrios tanto no cenário doméstico quanto no externo. O documento aponta que, nos últimos anos, o desempenho macroeconômico do Brasil tem se distanciado de um equilíbrio ideal, com inflação persistentemente acima da meta estabelecida, expectativas de inflação incertas, aumento da dívida pública e uma crescente erosão no saldo da conta corrente.
O relatório do Goldman Sachs detalha que o cenário atual é resultado de uma combinação de política fiscal expansionista e uma política monetária restritiva. Essa combinação, segundo o banco, tem o efeito de fortalecer o real no curto prazo, mas, a longo prazo, tende a fragilizar a moeda. O Goldman Sachs enfatiza que o simples aumento das taxas de juros não será suficiente para trazer a inflação de volta à meta ou para conter o déficit nas transações correntes.
A instituição financeira ressalta que é imprescindível adotar medidas adicionais além do aperto da política monetária para assegurar simultaneamente a manutenção de uma inflação baixa e o equilíbrio externo. Segundo o Goldman Sachs, a solução para os problemas da Economia brasileira passa pela implementação de um ajuste fiscal estrutural abrangente e duradouro.
Esse ajuste deve ser capaz de reduzir a absorção doméstica, conter a alta dos preços e manter o déficit externo em um nível sustentável. A instituição argumenta que esse conjunto de medidas resolveria o problema da alocação ideal entre política monetária e fiscal, um conceito descrito por Robert Mundell em 1962. Enquanto o governo não apresentar sinais claros de cortes nos gastos ou aumento das receitas que resultem em superávits primários, o ônus continuará a recair sobre o Banco Central.
De acordo com os economistas do Goldman Sachs, embora taxas reais elevadas sejam necessárias no curto prazo, elas não constituem a solução definitiva para a economia no médio prazo, a menos que haja uma mudança no equilíbrio fiscal em direção a superávits primários estruturais. O banco ressalta que a incerteza em relação ao momento e à forma como a consolidação das contas públicas será realizada mantém elevado o prêmio de risco nos títulos de médio e longo prazo.
Essa falta de clareza em relação à trajetória fiscal faz com que os investidores continuem a exigir um retorno maior para financiar o Tesouro, refletindo a percepção de risco associada à situação econômica do país. A análise do Goldman Sachs oferece uma perspectiva sobre os desafios que a Economia brasileira enfrenta e as medidas necessárias para garantir sua estabilidade e crescimento sustentável a longo prazo.
Via InfoMoney