Google abandona compromisso de não usar IA em armas e vigilância

Google abandona IA em armas: A gigante da tecnologia altera suas políticas éticas, gerando debate sobre o papel da IA em segurança nacional. Saiba mais!
05/02/2025 às 10:03 | Atualizado há 6 meses
Google abandona IA em armas
Google abandona IA em armas

O Google abandona IA em armas, alterando suas políticas éticas sobre inteligência artificial. A empresa removeu o compromisso de não usar IA em armas ou vigilância, uma mudança significativa em relação a diretrizes estabelecidas em 2018. Essa decisão, divulgada em seu blog oficial, gera debates sobre o papel ético das grandes empresas de tecnologia.

Anteriormente, o Google tinha quatro categorias de uso de IA vetadas: armas, vigilância, tecnologias que causam ou podem causar danos gerais e aplicações contrárias ao direito internacional e aos direitos humanos. Um porta-voz da empresa se recusou a comentar sobre as novas diretrizes em relação a armas e vigilância, remetendo a uma publicação de seus executivos.

Em comunicado, Demis Hassabis, chefe de IA do Google, e James Manyika, vice-presidente sênior de tecnologia e sociedade, justificaram a alteração. Eles argumentaram que a IA se tornou mais difundida e que empresas em países democráticos devem atender a demanda de clientes governamentais e de segurança nacional.

A nova postura do Google enfatiza a supervisão humana e o feedback para garantir a conformidade com os princípios de direito internacional e direitos humanos. A empresa também afirma testar sua tecnologia para reduzir impactos negativos. A mudança contrasta com a posição anterior do Google, que o destacava entre os principais desenvolvedores de IA.

A OpenAI, por exemplo, já havia anunciado parceria com a Anduril, fabricante militar, para desenvolver tecnologia para o Pentágono. A Anthropic, criadora do chatbot Claude, também firmou parceria com a Palantir, empresa de defesa, para auxiliar agências de inteligência e defesa americanas.

A Microsoft e a Amazon, rivais do Google, já mantêm parcerias de longa data com o Pentágono. A decisão do Google reflete, segundo especialistas, uma tendência na indústria de tecnologia americana, de alinhamento com os interesses nacionais dos EUA. Isso também se alinha a mudanças em políticas de diversidade e inclusão em empresas de tecnologia.

A mudança de política coincide com tensões geopolíticas entre EUA e China. Pequim anunciou uma investigação antitruste sobre o Google, além de tarifas retaliatórias sobre produtos americanos, logo após a entrada em vigor de tarifas americanas sobre importações chinesas. A startup chinesa DeepSeek lançou recentemente um aplicativo assistente de IA gratuito, gerando preocupações sobre a liderança americana no setor.

A primeira publicação dos princípios de IA do Google, em 2018, ocorreu após protestos internos contra um contrato com o Pentágono (Projeto Maven). Milhares de funcionários assinaram uma carta aberta contra a participação do Google em projetos militares. O Google decidiu, então, não renovar o contrato. A resistência interna ao Projeto Maven é frequentemente citada como um ponto de inflexão no setor.

Trabalhadores também protestaram contra um contrato de computação em nuvem com o governo israelense, temendo o uso da tecnologia em ações prejudiciais aos palestinos. Documentos internos revelaram que o Google aumentou o acesso de Israel a suas ferramentas de IA após o ataque do Hamas em 2023. A mudança na postura do Google mostra uma nova realidade no setor, marcada pela crescente importância da IA em questões de segurança nacional e pela complexa relação entre empresas de tecnologia e governos.

Via Folha de S.Paulo

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.