A Guerra tecnológica EUA China é mais do que uma competição entre empresas; reflete uma disputa geopolítica pela liderança econômica global. Empresas como Instagram e TikTok, OpenAI e DeepSeek, BYD e Tesla exemplificam essa rivalidade. A corrida por tecnologias avançadas define o futuro econômico mundial, com semelhanças à Guerra Fria, mas com a tecnologia como foco principal.
A disputa, comparada por alguns à “Guerra Fria 2.0”, envolve hostilidade sem confrontos armados diretos. Diferentes modelos econômicos e a tecnologia, tanto bélica quanto civil, são centrais. Como a tensão que levou à dissolução da União Soviética, a Guerra tecnológica EUA China pode alterar radicalmente a economia global. Lívio Ribeiro, pesquisador da FGV/Ibre e sócio da BRCG Consultoria, destaca que estamos em um processo de definição das relações geopolíticas dos próximos 25 anos. Para Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, é uma corrida pela soberania mundial.
Ribeiro argumenta que a China se destaca pela primeira vez como um competidor de igual para igual com os Estados Unidos, ao contrário do Japão (aliado militar) e da União Soviética (ameaça atômica, porém sem ameaça econômica). A China possui planos estratégicos bem definidos até 2049, com objetivo de liderar o mundo em força nacional e influência. No entanto, sua estrutura política pode gerar maior comprometimento com erros, pois não há espaço para questionamentos.
Em termos de desenvolvimento tecnológico, a China apresenta vantagem numérica. Um estudo do MacroPolo indica que quase metade dos principais pesquisadores de inteligência artificial são formados na China, enquanto os EUA contribuem com cerca de 18%. Leal acredita que isso aumenta as chances de inovações disruptivas. Os Estados Unidos, por sua vez, detêm mais recursos financeiros e acesso a semicondutores modernos. A política anti-imigração de Trump pode prejudicar a atração de talentos americanos, mesmo focando em trabalhadores menos qualificados.
Os Estados Unidos possuem maior capacidade de mercado, com incentivos e investimentos significativos. Somente em 2025, Amazon, Meta, Alphabet e Microsoft irão investir cerca de R$ 1,84 trilhão em inteligência artificial. O lançamento de assistentes de IA por empresas chinesas, como a DeepSeek, causou impacto nas gigantes americanas, lembrando o lançamento do Sputnik e a posterior corrida espacial. Essa Guerra tecnológica EUA China, contudo, não apresenta um claro vencedor, pois a rivalidade abrange diversas áreas: inteligência artificial, semicondutores, smartphones e carros elétricos.
A autossuficiência em semicondutores é mais próxima na China, mas os EUA possuem maior capacidade de pressão sobre outros países. Leal não prevê um fim para a Guerra tecnológica EUA China sem abalos estruturais, pois rupturas são necessárias para que um país perca sua posição dominante. Embora a China seja considerada a maior desafiadora, Leal aponta problemas econômicos que podem limitar sua capacidade de superar os EUA no curto prazo. A retaliação chinesa às tarifas americanas foi rápida inicialmente, mas hoje, com crescimento mais lento, o contra-ataque é menor.
A Guerra tecnológica EUA China redefiniria a economia global. Ribeiro lembra que há mudanças bruscas na avaliação do cenário, e não temos controle sobre a direção dos eventos. A incerteza sobre o futuro dessa disputa é grande e suas consequências para a economia global ainda são imprevisíveis. É preciso acompanhar os desenvolvimentos para entender melhor o impacto a longo prazo.
Via InfoMoney