Hugo Motta, do Republicanos da Paraíba, tornou-se o Presidente Câmara Deputados mais jovem da história aos 35 anos. Eleito para o biênio 2025-2027, sua vitória consolida a influência de Arthur Lira, presidente anterior da Câmara, que articulou sua candidatura. A eleição de Motta marca um precedente desde a redemocratização: Lira é o primeiro presidente a efetivamente escolher e eleger seu sucessor.
Motta conquistou apoio expressivo de diversos partidos, garantindo sua vitória antes mesmo do anúncio oficial. Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) e Marcel Van Hattem (Novo-RS) também concorreram, mas sem apresentar grande competição. A abrangência do apoio recebido por Motta, desde o PT de Lula até o PL de Bolsonaro, impõe um desafio considerável: equilibrar os interesses de diferentes espectros políticos. Logo após o início de sua candidatura, reuniu-se com Lula e Bolsonaro, demonstrando sua busca por diálogo.
Durante a campanha, Motta evitou se posicionar em temas polêmicos, como a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro e a regulamentação das redes sociais. Com o slogan “Do lado do Brasil”, buscou uma imagem conciliadora. Aliados o descrevem como habilidoso negociador, com perfil sereno e atuação discreta. Sua trajetória política, marcada pela proximidade com figuras do Centrão como Lira, Ciro Nogueira e Eduardo Cunha, reforça essa característica.
Apesar de não se definir como governista ou oposicionista, a relação entre o governo federal e a Câmara deve se estreitar com sua presidência. Sua proximidade com ministros como Renan Filho (Transportes) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) sinaliza maior alinhamento com as pautas do Executivo, especialmente na área econômica. Contudo, o cenário no Congresso permanece complexo para o governo Lula, com uma base aliada instável.
Entre os desafios de Motta como Presidente Câmara Deputados está a questão das emendas parlamentares, um tema sensível para os deputados. A expectativa é que seu diálogo com o STF possa destravar as negociações. Além disso, Motta pretende revigorar o plenário da Câmara, incentivando a participação dos deputados em debates mais aprofundados e buscando maior previsibilidade na pauta de votações, atendendo aos diferentes partidos. Outra proposta é valorizar as comissões temáticas, reduzindo os pedidos de urgência que, frequentemente utilizados por Lira, contornavam a discussão nas comissões. Essas medidas visam fortalecer o papel da Câmara e aprimorar o processo legislativo.
Via E Hoje