Impacto das Tarifas dos EUA no PIB Brasileiro em 2025

Estudo aponta que tarifas dos EUA podem diminuir o crescimento do PIB brasileiro em 0,5% em 2025.
10/07/2025 às 20:22 | Atualizado há 12 horas
Tarifas dos EUA
Suzano e Embraer enfrentam grandes riscos com as sanções dos EUA, apontam analistas. (Imagem/Reprodução: Forbes)

No cenário econômico de 2025, uma possível imposição de tarifas dos EUA sobre produtos brasileiros tem gerado grande apreensão. Bancos de investimento preveem que, caso as tarifas de 50% entrem em vigor a partir de 1º de agosto, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2025 poderá ser reduzido em até 0,5 ponto percentual. Essa medida pode impactar significativamente a economia brasileira, de acordo com análises de corretoras e instituições financeiras.

As projeções para a economia brasileira vinham apresentando melhoras consistentes ao longo de 2025. No início do ano, o relatório Focus indicava um crescimento do PIB de 2,02%, número que subiu para 2,23% na última edição. A expansão do crédito e a diminuição do desemprego impulsionaram essa melhora. No entanto, o efeito das tarifas dos EUA pode desacelerar esse progresso.

Bancos de investimento já estão revisando suas estimativas. O Goldman Sachs, por exemplo, prevê uma redução de 0,4 ponto percentual no crescimento do PIB. As corretoras XP e Rico estimam um impacto negativo de 0,5 ponto percentual. O JP Morgan, por sua vez, apresenta um cenário ainda mais pessimista, com uma possível retração no crescimento variando entre 0,8 e 1,2 ponto percentual do PIB.

Após um período inicial de instabilidade, o mercado financeiro brasileiro apresentou sinais de piora nas expectativas, embora sem grandes alterações. O dólar à vista registrou uma alta de 0,69%, cotado a R$ 5,5416. O Ibovespa teve uma leve queda de 0,54%, fechando a 136.743 pontos. A percepção é que, apesar do impacto em algumas empresas, as tarifas dos EUA terão um efeito mais limitado na economia geral, refletindo-se indiretamente no câmbio e na inflação.

Izzy Politi, diretor comercial do Ouribank, destaca a expectativa de volatilidade no mercado de câmbio. Segundo ele, o anúncio das tarifas dos EUA já provocou uma reação imediata, com o dólar em alta. A medida pode intensificar a volatilidade e aumentar os custos das importações, gerando mais pressão inflacionária. Politi também prevê um impacto considerável para empresas brasileiras com operações no exterior.

Um relatório do Goldman Sachs aponta que a Suzano será a empresa mais afetada. Os analistas argumentam que a maioria dos produtos exportados pelas empresas brasileiras são commodities com baixa diferenciação, o que teoricamente permitiria redirecioná-los para outros mercados sem grandes impactos na oferta, demanda ou preços globais.

O Goldman Sachs ressalta que o Brasil exportou 2,8 milhões de toneladas de celulose para os EUA em 2024, o equivalente a 78% do consumo de celulose de fibra curta do país. Essa dependência torna difícil substituir esse fornecimento por produtos de outras regiões. Uruguai e Chile seriam alternativas naturais, mas a produção consolidada nessas regiões é de 9,5 milhões de toneladas por ano de madeira de fibra curta.

Além da Suzano, a Embraer também deve sentir os efeitos das tarifas dos EUA. Cerca de 60% da receita da empresa provém da América do Norte, com 75% das vendas sujeitas à nova tarifa. O Itaú BBA estima uma redução de aproximadamente US$ 150 milhões no EBTIDA do segundo semestre, enquanto o Bradesco BBI é mais pessimista, prevendo um impacto de US$ 220 milhões.

Diante desse cenário, é crucial que empresas e investidores monitorem de perto os desdobramentos das negociações entre Brasil e Estados Unidos. A imposição de tarifas dos EUA pode trazer desafios significativos para a economia brasileira, mas também pode abrir novas oportunidades para diversificação de mercados e busca por alternativas de crescimento.

Via Forbes Brasil

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.