Millennials sem filhos podem impactar PIB dos EUA em até 4%, alerta estudo econômico

Entenda como a decisão dos millennials de não ter filhos pode reduzir o PIB dos EUA em até 4%.
23/03/2025 às 05:33 | Atualizado há 5 meses
Millennials sem filhos
Casais DINK: uma nova dinâmica que pode impactar as economias futuras. . (Imagem/Reprodução: Infomoney)

A decisão de ter filhos é pessoal, mas a crescente escolha por não tê-los apresenta desafios para a sociedade. Nos EUA, a taxa de natalidade caiu mais da metade desde os anos 60. Economistas se preocupam com o impacto dessa queda, combinada com o aumento da expectativa de vida, no mercado de trabalho e na economia.

A diminuição da taxa de natalidade e o envelhecimento da população geram tensões no mercado de trabalho. Há impactos na saúde, educação e previdência, conforme explica Melinda Mills, da Universidade de Oxford. A redução do **PIB** (Produto Interno Bruto) causada por essa mudança demográfica pode chegar a 4%, segundo James Pomeroy, economista global do HSBC.

Especialistas acreditavam em um aumento de nascimentos pós-Covid, mas os dados de 2022 e 2023 mostraram um retorno à tendência de queda. Casais estão optando pelo estilo de vida *DINK* (double income, no kids), ou seja, “dupla renda, sem filhos”. O CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) relatou que as taxas de fertilidade nos EUA caíram para um mínimo histórico em 2023, com 55 nascimentos por 1.000 mulheres entre 15 e 44 anos.

A baixa fertilidade pode reduzir o número de pessoas em idade ativa em 20 anos, alerta Pomeroy. Melinda Mills destaca que muitos países já enfrentam dificuldades para preencher vagas na área da saúde, dependendo de trabalhadores migrantes. No Reino Unido, por exemplo, em 2022, cerca de 33% dos migrantes trabalhavam no sistema de saúde.

Para Pomeroy, a diminuição da população economicamente ativa trará dificuldades no dia a dia das pessoas. Será mais difícil encontrar profissionais para diversas atividades, desde serviços de beleza até técnicos para hospitais. A queda no número de pessoas dispostas a trabalhar se torna um problema real.

Os jovens têm vários motivos para não querer filhos: creches caras, mercado imobiliário inacessível, altos custos de vida, interrupção da carreira e preocupações com o futuro do planeta. Uma pesquisa da Pew Research conversou com mais de 3.000 pessoas sem filhos ou que não planejam tê-los. Entre os jovens de 18 a 49 anos, a principal razão é a falta de desejo ou a vontade de se concentrar em outras coisas.

Além disso, 38% dos entrevistados não querem ter filhos devido à preocupação com o estado do mundo, e 36% afirmam não ter condições financeiras para criar uma criança. Outros 26% mencionam preocupações ambientais, e 24% não encontraram o parceiro ideal.

O aumento do poder e da influência das mulheres na economia também afeta as taxas de natalidade. Mulheres estão buscando educação superior e permanecendo no mercado de trabalho. A dificuldade em conciliar trabalho e família, problemas de moradia, igualdade de gênero e incerteza em relação ao futuro também são fatores relevantes. A idade do primeiro filho está aumentando, ultrapassando os 30 anos para mulheres e 32 anos para homens, o que causa limitações biológicas na fecundidade.

Para muitos casais *DINK*, a liberdade profissional é uma grande vantagem. Sem a pressão de sustentar filhos, eles podem ter uma abordagem mais flexível em suas carreiras. A escolha de não ter filhos permite que um dos parceiros se arrisque mais, enquanto o outro oferece apoio estável.

Via InfoMoney