A inteligência artificial (IA) tem se mostrado uma grande revolução no setor da saúde mental. A grande questão é: podemos confiar na IA no cuidado à saúde mental? Um estudo recente da revista *Nature* revelou que modelos de linguagem (LLMs) podem apresentar sinais de ansiedade e responder bem à “terapia”, mostrando como a interação entre humanos e máquinas pode evoluir.
A inteligência artificial generativa (GenAI) tem acelerado descobertas na saúde e pode transformar a saúde mental. É essencial explorar esse potencial cientificamente, considerando os riscos como viés nos dados, desigualdade no acesso e privacidade. A Wellcome está investindo em pesquisas para entender como a GenAI pode auxiliar no tratamento de ansiedade, depressão e psicose, sempre com cautela.
Um estudo de Dartmouth, publicado no *New England Journal of Medicine*, apontou que bots de terapia com IA no cuidado à saúde mental bem treinados podem ser tão eficazes quanto a terapia tradicional. Um experimento com 200 participantes com ansiedade, depressão ou risco de transtornos alimentares mostrou que os bots melhoraram significativamente a saúde mental, criando laços terapêuticos fortes.
Esses bots oferecem suporte 24 horas por dia e ajudam a reduzir a falta de profissionais de saúde mental. Nos EUA, há apenas um terapeuta para cada 340 pessoas. Apesar disso, os pesquisadores alertam que mais testes clínicos são necessários antes da implementação dessas ferramentas.
Na prática, a IA no cuidado à saúde mental auxilia na triagem de pacientes, oferece suporte emocional inicial e aumenta o acesso aos serviços, principalmente em áreas com poucos profissionais. As ferramentas de IA no cuidado à saúde mental ajudam terapeutas a identificar padrões de fala e escrita que indicam depressão e ansiedade. Além disso, assistentes virtuais ajudam pacientes a monitorar seu progresso e aplicar estratégias terapêuticas recomendadas entre as sessões.
Um estudo da McKinsey & Company mostrou que 58% das organizações de saúde esperam um retorno positivo sobre o investimento (ROI) com o uso da GenAI. Um relatório de 2025 da *Harvard Business Review* reforça esse movimento, destacando o aumento das aplicações pessoais da GenAI, especialmente na saúde mental. O uso pessoal aumentou de 17% para 31% em dois anos, com foco em suporte emocional, aconselhamento sobre relacionamentos, ajuda no processamento de traumas e aumento da autoconfiança.
Os principais motivos para essa adoção são a acessibilidade, o baixo custo e a ausência de julgamento. Além disso, agentes personalizados de GenAI estão superando os modelos genéricos, oferecendo experiências mais eficazes e direcionadas para cada paciente.
É preciso encarar os riscos com seriedade. O suicídio de um adolescente na Flórida, no início deste ano, serve de alerta: algoritmos que simulam interações humanas e incentivam comportamentos viciantes podem ser perigosos sem medidas de segurança, regulamentação e testes rigorosos.
O ocorrido reforça a responsabilidade dos profissionais de saúde mental, que devem ter cautela ao usar agentes de IA Generativa em contextos terapêuticos, principalmente com pacientes vulneráveis. Também destaca a importância de as famílias estarem atentas aos riscos adicionais nos dispositivos usados por crianças e adolescentes.
A Califórnia aprovou uma lei que proíbe a personificação de terapeutas por IA no cuidado à saúde mental, refletindo preocupações sobre segurança e ética. Os modelos atuais não são seguros para atuar de forma independente e sem supervisão. Liberar a IA no cuidado à saúde mental sobre pacientes sem supervisão seria irresponsável.
A resistência a essa evolução é compreensível, mas é preciso reconhecer o potencial da IA no cuidado à saúde mental. Com o avanço das pesquisas e a implementação de medidas de segurança, a inteligência artificial poderá ser uma ferramenta valiosa no auxílio da saúde mental, complementando o trabalho dos profissionais e ampliando o acesso a tratamentos.
Via Startupi