A importância da igualdade de gênero no combate à crise climática no Brasil

Entenda por que a igualdade de gênero é essencial para soluções eficazes contra a crise climática no Brasil.
15/11/2025 às 07:02 | Atualizado há 2 dias
               
Igualdade de gênero
Mulheres sofrem mais com a crise climática e devem liderar as soluções urgentemente. (Imagem/Reprodução: Forbes)

A crise climática atinge mulheres e meninas de forma mais intensa, podendo empurrar milhões delas para a pobreza até 2050, segundo a ONU Mulheres. A desigualdade de gênero agrava a vulnerabilidade ao limitar o acesso a recursos básicos e à liderança.

Organizações como a SWA e o Unicef destacam o papel central das mulheres na coleta de água e saneamento, essenciais para a qualidade de vida e saúde, principalmente em situações de seca e inundações. A participação feminina é fundamental para melhorar sistemas e adaptar políticas.

Para fortalecer a resposta à crise climática, é preciso integrar a igualdade de gênero em políticas e financiamentos, garantindo recursos para organizações lideradas por mulheres. Essa inclusão amplia a eficácia das soluções e contribui para a justiça social e ambiental no país.
A crise climática afeta desproporcionalmente mulheres e meninas, com projeções da ONU Mulheres indicando que, até 2050, 158 milhões delas podem ser empurradas para a pobreza devido às mudanças climáticas. A Igualdade de gênero é crucial, pois a desigualdade agrava a vulnerabilidade climática, limitando o acesso a recursos e liderança. A Sanitation and Water for All (SWA), em parceria com o Unicef, busca promover o acesso universal à água, higiene e saneamento, destacando a importância de abordar os impactos das mudanças climáticas na saúde, educação e qualidade de vida, principalmente para mulheres e meninas.

Anjani Kapoor, da SWA, ressalta que mulheres e meninas são as principais responsáveis pela coleta de água em muitos lares, enfrentando secas, inundações e contaminação de forma mais intensa. Essa falta de acesso à água e saneamento, direitos básicos reconhecidos pela ONU, é tanto uma causa quanto uma consequência da desigualdade de gênero. Kapoor lidera iniciativas que colocam as mulheres no centro das soluções para as crises hídrica e climática, mostrando que a participação ativa das mulheres em comitês locais de água melhora o funcionamento dos sistemas.

A SWA, em colaboração com parceiros como a University of Technology Sydney e os High-Level Climate Champions da Race to Resilience, lançou o documento “Crises Convergentes e Oportunidades Potenciais – Gênero, Clima, Saneamento e Água”. Apoiado pelo governo australiano, o documento oferece estruturas baseadas em evidências para integrar sistematicamente a Igualdade de gênero com água, saneamento e ação climática, priorizando esses aspectos em planos de adaptação e financiamento climático.

A desigualdade de gênero amplifica a vulnerabilidade climática, limitando o acesso das mulheres a recursos, tomada de decisão e liderança. Mulheres e meninas são responsáveis pela coleta de água em sete de cada dez domicílios, e as pressões climáticas aumentam o tempo gasto nessa tarefa, elevando os riscos à saúde e segurança e reduzindo as oportunidades de educação e renda. Dados recentes mostram que bilhões de pessoas não têm acesso à água potável e saneamento seguro, afetando desproporcionalmente as mulheres, já que nove em cada dez desastres climáticos estão relacionados à água.

Promover a Igualdade de gênero no combate à crise climática é essencial para garantir adaptações climáticas mais inclusivas e sustentáveis. A liderança das mulheres na gestão da água torna as respostas mais eficazes, e quando as mulheres são empoderadas com liderança e recursos, elas promovem uma adaptação transformadora. No entanto, normas de gênero persistentes atribuem às mulheres a responsabilidade pela gestão doméstica da água, limitando sua participação em espaços formais de liderança.

Para impulsionar o progresso na agenda da Igualdade de gênero e crise climática, estruturas políticas eficazes devem integrar essa igualdade na governança da água e do clima, com leis de apoio e orçamentos sensíveis ao gênero. Mecanismos internacionais de financiamento climático devem ampliar seu apoio a organizações lideradas por mulheres, criando janelas de financiamento dedicadas a iniciativas de gênero, água e saneamento. A SWA promove a adoção de métricas desagregadas por gênero e defende que investimentos em água e saneamento sejam tratados como soluções climáticas transformadoras.

É crucial reconhecer que a escassez de água e saneamento inadequado estão diretamente relacionados a assédio, violência doméstica e deterioração da saúde mental. Garantir a inclusão plena das mulheres é essencial para aumentar a eficácia da governança da água e do clima, resultando em políticas e sistemas que atendem melhor às necessidades da comunidade. A SWA transforma compromissos políticos coletivos em resultados concretos, reafirmando os direitos humanos à água e ao saneamento e incentivando os países a usar dados detalhados para compreender quem está sendo deixado para trás.

As mudanças climáticas intensificam tensões sociais e econômicas e podem agravar a violência contra mulheres e meninas, mas há um reconhecimento crescente de que a liderança feminina é indispensável para a resiliência climática e hídrica. Para alcançar a Igualdade de gênero diante da crise climática, é urgente que nações com grandes emissões de carbono reduzam suas emissões e apoiem comunidades vulneráveis. Instituições financeiras precisam fechar a lacuna de financiamento para sistemas WASH sensíveis ao gênero, garantindo recursos acessíveis para organizações lideradas por mulheres, e governos precisam institucionalizar a adaptação transformadora de gênero.

Via Forbes Brasil

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.