A Influência da Apple na Tecnologia Chinesa e a Competição Global

Descubra como a Apple moldou o setor tecnológico na China e os desafios enfrentados pelos EUA.
02/09/2025 às 06:42 | Atualizado há 2 dias
Produção na China
A China avança na tecnologia, impulsionada por empresas ocidentais que transferem produção. (Imagem/Reprodução: G1)

A produção na China, antes considerada uma estratégia de sucesso para empresas como a Apple, revelou ser um motor para o avanço tecnológico do país. Essa dinâmica permitiu à China desenvolver capacidades industriais que desafiam o domínio americano no setor. Empresas ocidentais, como Apple e Volkswagen, impulsionaram a economia chinesa e ajudaram a criar concorrentes fortes no mercado global.

Com a fabricação de mais de 90% de seus produtos na China, a Apple lucrou significativamente, mas também capacitou fabricantes locais que agora representam uma ameaça. A substituição de fornecedores estrangeiros por chineses na cadeia de produção do iPhone destaca como a China se tornou autossuficiente em tecnologias chave, desde chips até módulos de câmera.

A disputa entre EUA e China avança, especialmente em inteligência artificial, onde a China lança desafios com inovações como o DeepSeek. A combinação de uma política industrial agressiva, população vasta e acesso a dados favorece o desenvolvimento chinês, enquanto a colaboração global é vital para evitar o isolamento e estabelecer padrões tecnológicos.
A produção na China, antes vista como uma estratégia empresarial brilhante por empresas de tecnologia americanas como a Apple, revelou-se um propulsor para o desenvolvimento tecnológico chinês. A busca por custos mais baixos inadvertidamente alimentou concorrentes futuros, impulsionando a China a desenvolver capacidades industriais e tecnológicas que desafiam a concorrência global.

Empresas americanas utilizaram a China para fabricar produtos a preços acessíveis, enquanto a China aproveitou essa oportunidade para impulsionar seu avanço tecnológico. Segundo Kyle Chan, pesquisador da Universidade de Princeton, a China deliberadamente atraiu empresas como a Apple para fortalecer sua economia, exigindo uma contribuição ativa para o desenvolvimento chinês.

Essa estratégia não se limitou à Apple; empresas como Volkswagen, Bosch, Intel, SK Hynix e Samsung também foram envolvidas. O cenário da indústria tecnológica global está mudando, marcando o fim do domínio exclusivo dos Estados Unidos na produção de tecnologias revolucionárias, dando lugar a uma competição acirrada em todos os setores.

Patrick McGee, em seu livro “Apple na China: A Captura da Maior Empresa do Mundo”, revela que a decisão da Apple de fabricar mais de 90% de seus produtos na China gerou lucros substanciais, mas também financiou e capacitou fabricantes chineses. Esses fabricantes, agora, representam uma ameaça ao Ocidente.

Com o tempo, fornecedores chineses substituíram fábricas estrangeiras na cadeia de produção na China do iPhone e de outros dispositivos da Apple. Essa substituição abrange desde componentes básicos, como peças de cristal e módulos de câmera, até os próprios chips, consolidando a indústria local.

Uma análise do Nikkei Asia em 2024 indicou que 87% dos fornecedores da Apple têm fábricas na China, com mais da metade sediada no país ou em Hong Kong. Apesar dos esforços da Apple para diversificar a produção na China, a empresa ainda depende significativamente de fabricantes e trabalhadores chineses.

A China não só se tornou o principal fornecedor da Apple, mas também desenvolveu seus próprios telefones celulares, veículos elétricos e modelos de inteligência artificial comparáveis aos americanos. A transferência de conhecimento e investimentos de empresas ocidentais, como Apple, Huawei, Xiaomi e BYD, colaborou diretamente com o crescimento de gigantes chineses da tecnologia.

A competição entre China e Estados Unidos é particularmente evidente no setor de inteligência artificial. Embora os Estados Unidos parecessem à frente com o GPT-3 da OpenAI, a China surpreendeu com o DeepSeek, um chatbot desenvolvido a um custo menor, desafiando as restrições de exportação de chips para IA.

As restrições dos Estados Unidos às exportações de chips forçaram empresas chinesas, como a Huawei, a buscar alternativas e a desenvolver suas próprias tecnologias. A Huawei, após ser impedida de usar o sistema operacional Android, criou seu próprio sistema operacional e chips, demonstrando a capacidade de inovação chinesa.

A China possui vantagens significativas, incluindo uma política industrial que investe em setores estratégicos e um sistema que fomenta uma competição interna intensa. A magnitude de sua população e a vasta quantidade de dados disponíveis também impulsionam o desenvolvimento tecnológico.

A integração da tecnologia avançada na vida cotidiana em cidades como Xangai, desde a logística baseada em inteligência artificial até o pagamento sem dinheiro em espécie, demonstra o avanço tecnológico chinês. No entanto, a China precisa da colaboração global para evitar o isolamento e para definir os padrões tecnológicos.

Via G1

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.